• Carregando...

Dedicada ao Dia do Trabalho, a comemoração de hoje assinala o labor como fator econômico, além de elemento fundamental para conferir dignidade ao ser humano. De fato, a capacidade de transformar recursos em produtos úteis, além de registrar o engenho humano em toda a sua profundidade, destaca a pessoa que a realiza como sujeito ativo nas relações da sociedade. Por isso a escassez ou precarização do trabalho, decorrente de fatores complexos e ainda não suficientemente compreendidos, se tornou a principal preocupação de nosso tempo.

No Brasil, a criação de novos postos de emprego vem encolhendo nos últimos meses por situações associadas ao baixo crescimento econômico, competição internacional e acomodação derivada da revolução das informações. Por exemplo, a cada ano chega ao mercado uma nova geração composta por 1,7 milhão de jovens; parte empregada em função da expansão vegetativa das vagas produtivas, outra aproveitada por deslocamento de trabalhadores mais idosos ou mais caros etc. Porém uma parcela expressiva desses novos candidatos fica sem emprego, por escassez de oportunidades.

O problema é que manter 22% dos jovens sem estudo nem trabalho equivale a desperdiçar o principal ativo nacional – a energia produtiva de uma população ainda relativamente jovem e saudável. Para isso contribui, além dos fatores globais já listados, a manutenção de pesados encargos sobre a folha de pagamento, decorrente de uma legislação onerosa em custos parafiscais e generosa em benefícios sociais relativamente ao estágio de nossa economia.

Com isso, empresários são levados a substituir mão-de-obra por linhas automatizadas – tendência que pode assumir ritmo de avalanche. As categorias mais organizadas conseguem se contrapor a essa onda, como os empregados em postos de combustíveis, que evitaram a troca dos frentistas por equipamentos automáticos; dos trabalhadores em transporte de passageiros, que bloquearam a instalação de catracas que retirariam postos de trabalho de cobradores etc.

Já outros ramos não resistiram ao avanço da informatização; caso dos bancos, onde mais de metade da força de trabalho foi afetada pela instalação de caixas automáticos, sistemas de transferência eletrônica de fundos e assim por diante. Para enfrentar tais desafios, as lideranças sindicais e especialistas propõem forte ênfase no investimento em educação básica e formação complementar de trabalhadores, com uso de instituições de eficiência comprovada tipo Senai, Sesc e outras. Ainda, há medidas capazes de ampliar ocupações em setores novos, como na área de serviços de terceira geração, operações ligadas ao lazer e arranjos como a barganha entre mais produtividade e redução da jornada, adiamento da entrada dos jovens no mercado de trabalho etc.

O fundamental é evitar elevações salariais por decreto, que mais desorganizam a base produtiva do que criam renda para o trabalhador; ao tempo em que devem ser apoiadas soluções valorizadoras da contribuição do trabalho para a economia nacional.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]