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O confronto entre seguranças e integrantes do Movimento Sem-Terra (MST) na Fazenda Espírito Santo, em Xinguara e Eldorado de Carajás, no sul do Pará, no qual oito pessoas ficaram feridas e jornalistas e funcionários da fazenda foram mantidos como reféns, no fim de semana, revela mais uma vez a debilidade do governo federal quando se trata de apresentar com clareza os pontos de sua política agrária. Ao mesmo tempo em que o governo não consegue dar soluções plausíveis para os conflitos de posse de terra, vem permitindo toda a sorte de ilegalidades – principalmente atos de violência como este ocorrido no Pará.

O direito de manifestação em favor da reforma agrária e da democratização do campo não deve ser negado, pois a luta pela terra é tão justa quanto a de outros segmentos sociais que batalham, por exemplo, por mais saúde, educação ou melhores condições de vida nos grandes centros urbanos. O que é intolerável, no entanto, são os métodos empregados pelo MST e por movimentos assemelhados em suas ações. Em vez de uma luta digna, que respeite os direitos dos demais brasileiros, esses grupos usam métodos escusos como a intimidação, a coerção, os sequestros, a depredação do patrimônio e os atentados contra a vida humana. Seus atos já provocaram mortes, deixaram feridos e causaram milhões em prejuízos para o patrimônio público e para o privado.

Diante disso, o governo vem agindo de forma anacrônica: infringe a lei ao não coibir a violência; dá fartos subsídios oficiais à entidade; e, quando é pressionado por um conflito tenso, corre e atende a reivindicações pontuais dos que tiveram seu patrimônio depredado. Falta, a este governo, assim como faltou aos antecessores, a coragem de dizer que a reforma agrária como é esperada pelo MST, pelo MAST, pela Via Campesina e por outros grupos do gênero jamais se realizará. Num mundo em que mesmo a economia de escala tem encontrado dificuldades para seguir adiante, não é razoável esperar que a mera concessão de um pequeno lote de terra resolva a vida de uma família, especialmente porque se sabe que, na prática, uma boa parte delas, embora integre os movimentos sem-terra, não tem ligação com o mundo agrícola. As falsas esperanças que os grupos de sem-terra dão aos trabalhadores que arregimentam como massa de manobra, para dar corpo às manifestações de cunho nitidamente político, chegam a ser desumanas. E os governos acabam sendo coniventes quando deixam de reprimir com rigor os atos que extrapolam os limites da legalidade.

No episódio específico do Pará, os integrantes do MST atentaram contra o livre exercício do jornalismo, aterrorizando profissionais que cobriam o evento com objetivo de informar à sociedade. É preciso acabar com esse tipo de ação. Que o governo assuma, em respeito à sociedade, o seu verdadeiro papel de fazer cumprir a lei, de ser mediador de conflitos e executor de políticas públicas que tragam o bem-estar, o progresso e a paz para toda a sociedade.

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