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Nas últimas semanas a imprensa publicou várias reportagens abordando o baixo nível de investimentos em Curitiba e região metropolitana. A base das notícias veio de estudos e estatísticas mostrando que, na comparação com outras regiões, a capital do Paraná e as cidades vizinhas receberam menos investimentos. As reportagens se detiveram em demonstrar, com dados, o que este jornal vem falando há algum tempo: a economia do Paraná está crescendo pouco, entre outras razões porque há muitos anos tanto o investimento público quanto o privado vêm ocorrendo a taxas baixas.

Ainda que medidas e programas isolados tenham sido implantados, é chegada a hora de o Paraná ter um verdadeiro e amplo Plano Estadual de Investimentos. Esse plano deve contemplar os aspectos econômicos e jurídicos envolvendo investimentos públicos e privados, além de abranger todas as regiões e setores da economia estadual. Não é trabalho para ser feito apenas pelo governo estadual, mas sim com representantes de, pelo menos, quatro lados: o governo estadual, as prefeituras, os empresários e os trabalhadores.

O ponto de partida para a elaboração de um plano dessa magnitude deve responder a duas perguntas: a) Por quais razões o Paraná tem recebido tão poucos investimentos públicos e privados nacionais e estrangeiros? b) Quais os principais entraves estão atrapalhando a atração de investimentos no estado? De saída, o problema deve ser examinado em dois grandes grupos: os investimentos em infraestrutura, de um lado, e a criação e expansão de empresas, de outro. Ou se dá prioridade absoluta a um plano dessa natureza ou o estado empobrecerá em termos relativos, pois em algum momento futuro o estrangulamento da infraestrutura irá impedir o crescimento da produção e o desenvolvimento econômico. A situação do Paraná só não é pior porque sua população não cresceu às mesmas taxas do crescimento populacional do Brasil.

Há certos aspectos desse assunto que são conhecidos há muito tempo. Um deles é que o estado não conseguirá crescer se não passar por um choque de investimentos em rodovias, ferrovias, portos, armazéns, aeroportos, energia e telecomunicações. Não resta dúvida de que o setor público não conseguirá dar conta, sozinho, de recuperar o atraso nessas áreas e promover a expansão da infraestrutura física. Por isso, a atração de capitais privados nacionais e estrangeiros é indispensável para a viabilidade de um plano ousado de recuperação e expansão dos investimentos, tarefa que requer a articulação de lideranças políticas e empresariais estaduais e municipais.

Reportagens publicadas em meados do ano passado, neste jornal, apresentaram informações sobre a dificuldade dos municípios paranaenses de abrigar novas empresas por deficiências como a falta de terrenos, pavimentação, eletricidade, esgoto, água, transporte urbano, vias de acesso, logística e sistemas de circulação. Mesmo havendo carência de investimentos, as cidades do Paraná não tinham (e ainda não têm) condição de receber novas empresas por não terem preparado seus distritos industriais. Portanto, a baixa taxa de investimentos não é obra do acaso; é resultado de más gestões públicas tanto no nível municipal quanto no estadual. Essa é mais uma das razões por que um Plano Estadual de Investimentos deve ser amplo e abrangente e não pode ser responsabilidade apenas do governo estadual. Os prefeitos e as lideranças municipais devem participar e assumir sua parte na preparação do estado para uma nova era em matéria de obras, projetos e novos empreendimentos.

O governo Richa vem alertando para as dificuldades financeiras do Tesouro estadual e sua baixa capacidade para bancar investimentos em infraestrutura. Os prefeitos não falam em outra coisa que não seja a penúria dos cofres municipais. Assim, o maior desafio dos governantes é encontrar alternativas para aumentar o porcentual do orçamento público disponível para investimentos. Em seguida vem o desafio de atrair e estimular os investimentos privados. Medidas pontuais e isoladas, ainda que sejam positivas, não são suficientes para recuperar o atraso do estado nessa área. Por isso, um plano ousado talvez seja a mais importante obra a ser liderada pelo governo estadual, como base para elevar a taxa de crescimento econômico e melhorar o padrão de vida da população.

A capacidade do estado em planejar o desenvolvimento foi prejudicada nos últimos tempos, e o fato concreto é que o Paraná não tem uma política clara de investimentos. Pelo contrário: houve momentos em que o estado se mostrou hostil ao investimento privado, por atitudes antiempresariais e de desrespeito a contratos juridicamente válidos, entre outras.

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