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Aumento do número de vagas nas universidades federais pode impulsionar a pesquisa e a qualidade de ensino no interior do Paraná

A boa notícia está anunciada – de acordo com dados do Censo da Educação Superior do Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais, o Inep, duplicou o número de vagas em universidades federais no interior do Brasil. O milagre se deu em cinco anos. No Paraná, os ventos sopraram mais fortes: a oferta de vagas triplicou. No período, a UTFPR abriu nada menos do que 60 cursos, tirando do jejum a área de Engenharia. Até 2016, uma fortuna de R$ 735 milhões serão investidos em educação. É preciso repetir as cifras com a boca cheia.

Mas é preciso cautela. Sabe-se da infraestrutura capenga das instituições federais. São visíveis a olho nu. Experimente passar na frente de uma. Do mesmo modo, não é segredo que faltam professores, que o sistema se tornou um elefante branco, politizado até a última lista de chamada. E que, convenhamos, apesar dos bons índices, muitas instituições de ensino público levam uma surra das instituições privadas, contrariando a máxima de excelência. É assunto para uma guerra nada santa. O setor estaria trançando as pernas, dizem, e a dinheirama só faz aumentar o tombo.

Mas não é nada que tire o prazer de ler as informações recém-divulgadas pelo Inep. Aos fatos. Os mais velhos lembram de como a baixa oferta das federais mexia com o juízo dos moradores do grande Brasil que "não é só litoral", como diz a canção cantada por Milton Nascimento. Havia uma sensação de injustiça. Apenas as capitais e cidades dadas ao beija-mão tinham universidades federais. Parecia assunto para tribunas em Brasília, um desejo recalcado de participar da sociedade de privilégios, mas não.

A ausência do ensino público de qualidade brecou o desenvolvimento do interior. E não se está falando apenas da falta que faz a pesquisa de ponta – outro assunto que provoca comichões –, mas no avanço do ensino fundamental e médio. Sabe-se, com base nas mais sólidas estatísticas, que onde há universidades – e nem precisam ser as melhores – a escola melhora, pois o ensino superior garante mais professores preparados para enfrentar a sala de aula. Nesse cenário o Paraná se destaca. Não por sua excelência no ensino, mas por seus problemas do tamanho das Cataratas.

Mas já no início dos anos 2000, notou-se que alguma coisa mexia nesse destino. Para o bem. Grandes instituições de ensino do Norte e Noroeste do estado se firmaram, alcançando pelo menos dois grandes feitos: colaboraram para a melhora do ensino de base e ajudaram a fixar, nos interiores, profissionais com curso superior. A perspectiva se tornou alvissareira. O estudante que antes mudava para a capital em busca de curso superior, passou a ficar perto de casa. Muda tudo.

Ainda estamos carentes de um estudo sério que mostre que o Paraná está se transformando pela educação, mas há estudos de caso importantes, como o dos efeitos da universidade tecnológica instalada em Pato Branco, por exemplo. Mas é preciso saber mais, usando o dado educacional não como discurso viciado para explicar nosso atraso, mas como um índice para ser colocado à mesa, com alguma agressividade se preciso for.

A médio e longo prazo o Paraná será outro não só por suas belíssimas lavouras ou pela riqueza dos seus Eldorados, mas porque mais paranaenses chegaram à universidade. Vamos poder medir a riqueza do estado pela nossa semelhança com regiões como Reggio Emilia, na Itália. Sonho? Não é o que sugerem os estudos do governo federal.

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