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Libaneses esperançosos aguardam a visita, hoje, do secretário geral da ONU, Kofi Annan, para acertar com o governo de Beirute a chegada da força de paz, que vai consolidar a trégua conseguida com Israel. O conflito, que durou mais de 30 dias, matou 1.500 pessoas nos dois países, deslocou 1 milhão e meio de refugiados e custou mais de 5 bilhões de dólares; mas pode ter sido o último desde que começou a formação do Estado judaico há meio século. Para observadores internacionais, o equilíbrio na guerra travada entre julho e agosto, ao mostrar que grupos bem-armados e apoiados podem resistir à ofensiva israelense, favorece a retomada do caminho para a paz.

Para obter tal resultado, é fundamental que a força de estabilização, organizada sob os termos da Resolução 1.701 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, tenha capacidade de evitar envolvimento no fogo cruzado que já matou quatro soldados da ONU. Nessa linha, o secretário Annan afirma ser necessário despachar para a área 15 mil soldados, dotados de equipamento de combate terrestre, mais cobertura aérea e naval; e no fim de semana mais de metade dessa força já estava assegurada, a partir das contribuições de países da União Européia.

Em nosso continente não há conflitos de natureza bélica como os de outras regiões em crise. Entre nós, os problemas são de outra natureza: instabilidade política crônica e desafios para alcançar o desenvolvimento. Assim, passadas as eleições para uma assembléia constituinte, que pode anular o arcabouço jurídico anterior, parecia que a Bolívia iria se retrair no propósito de estatizar a exploração dos recursos minerais, porque o governo radical de Evo Morales descobriu não ter dinheiro para pagar as indenizações aos empreendedores expropriados – entre eles, a brasileira Petrobrás. Também, três meses após a nacionalização, um escândalo de corrupção que explodiu levou o Senado do país a censurar o ministro de hidrocarbonetos.

Na esteira de tais questões, o governo boliviano enviou o vice-presidente Álvaro García Linera em visita ao Brasil para obter concordância à elevação do preço do gás importado da Bolívia e o adiamento das indenizações devidas. Enquanto esse enviado especial acenava com propostas mais palatáveis do que a ocupação de instalações brasileiras por tropas do exército boliviano, o governo Morales ampliava a hostilidade contra os empreendedores, ao classificar áreas de concessão como reservas ecológicas "imexíveis" – mostrando que não há clareza para se investir no país.

De igual modo cabe cautela na retomada de discussão sobre a construção do Gasoduto do Sul, uma rede de encanamentos de gás que transportaria o produto desde jazidas da Venezuela até a Argentina. O projeto, polêmico, não se recomenda por obstáculos técnicos e políticos, sendo preferível ir levando o assunto em "banho-maria" na boa tradição da diplomacia, até que o continente evolua para uma estabilidade aceitável sob a democracia.

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