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O Ministério da Saúde deu início à Campanha Nacional de Alerta e Pre­­venção do Uso de Crack. No mundo das drogas, o crack, um derivado das sobras do refino da cocaína e geralmente vendido em pedras, foi enquadrado na galeria de inimigo público número 1, por causa do baixo preço e do alto grau de dependência.

Como alerta e insiste a campanha, ne­­nhuma outra substância ilícita tem semelhante poder de destruição. Uma pesquisa do Centro Brasileiro de Informações sobre Dro­­gas Psicotrópicas (Cebrid), de 2005, mostra que, naquele ano, 0,1% da população consumia a droga. O crack surgiu na década de 1980, nos Estados Unidos. O primeiro relato de uso no Brasil data de 1989 e, de lá para cá, o consumo vem crescendo de modo assustador, principalmente nos últimos cinco anos. Isso porque extensas faixas do país, principalmente nas de fronteira, como denunciou seguidas vezes a Gazeta do Povo, em reportagens sobre a atuação do crime organizado em municípios como os de Foz do Iguaçu e Guaí­­ra, entraram para valer na rota do tráfico internacional. E a situação de vulnerabilidade social de muitos jovens e de moradores de rua abriu grandes espaços para a disseminação do crack, até por causa da forte repressão ao tráfico de cocaína e maconha.

Os consumidores de crack estão expostos a riscos sociais e a diversas formas de violência. Geralmente, quando os efeitos da droga diminuem no organismo, a pessoa sente sintomas de depressão, mais a sensação de perseguição. Outros sintomas comuns são desnutrição, rachadura nos lábios, sangramento na gengiva e corrosão dos dentes, tosse, lesões respiratórias e maior risco para contrair o vírus HIV e hepatites.

O objetivo da campanha é reforçar a prevenção ao consumo, colocar o tema em debate e chamar a atenção para os riscos e consequências da droga. Nessa campanha, a informação é a arma mais importante e poderosa, chamando a atenção para uma questão que não é só preocupação dos governos, mas de toda a sociedade. Isso quer dizer tomada de posição por parte de pais, educadores, imprensa, gestores e governos. A campanha, que vai até o dia 31 de janeiro, tem como público-alvo jovens de 15 a 29 anos. As chamadas "cracolândias" – áreas de concentração de usuários e traficantes – serão os locais prioritários das ações.

O problema, na verdade, ultrapassa a es­­fera da saúde, como diz o diretor do Depar­­tamento de Ações Programáticas e Estratégicas (Dapes), do Ministério da Saúde, José Luiz Telles. Como é barata, a droga é das mais usadas entre os jovens mais pobres. A propósito dessa ponderação, vale citar, até para não endossar a visão preconceituosa que prevalece em alguns segmentos da população, que os jovens que moram em favelas têm uma visão mais conservadora e crítica em relação às drogas do que os da classe média. Tal postura é fruto da convivência diária com o tráfico, e como forma pragmática de garantir a pró­­pria sobrevivência, segundo análise de Carlos Costa, coordenador do Programa de Jovens em Território Vulnerável (Protejo) no Complexo da Maré, Rio de Janeiro.

Com o mal disseminado, qualquer jovem é considerado um usuário em potencial. Abrir os olhos para enxergá-lo é o caminho.

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