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Editorial sobre a economia paranaense, publicado neste jornal em junho, afirmava que "um novo ciclo somente será possível se o Paraná passar por um ‘choque de infraestrutura’, com investimentos rápidos e volumosos em rodovias, ferrovias, portos, armazéns, aeroportos, energia e telecomunicações". O objetivo era chamar a atenção para um problema que não é só do estado, mas de todo o país, que é a incapacidade da infraestrutura de suportar crescimento contínuo do Produto Interno Bruto (PIB). As análises e as notícias têm sido focadas nos setores de infraestrutura básica, como os já citados acima, sem que tenha sido dado destaque para os gargalos e as deficiências da infraestrutura dos distritos municipais onde empresas industriais e de serviços buscam se instalar.

Em reportagem de segunda-feira passada, a Gazeta do Povo trouxe informações e dados preocupantes em relação à incapacidade dos municípios paranaenses em abrigar novas empresas, cujas deficiências principais são a falta de terrenos, pavimentação, eletricidade, esgoto, água, transporte urbano, vias de acesso, logística e sistemas de circulação. Há muito tempo as cidades do Paraná não criam e não expandem os chamados "distritos industriais", para prepará-los a receber novas indústrias, investimentos e empresas em geral. Para um estado que precisa urgentemente expandir a sua base econômica, essa é uma situação dramática, que pode retardar ou até impedir novo ciclo de crescimento e prosperidade.

Os antigos distritos industriais devem ser rebatizados de "distritos produtivos", já que a economia moderna não é capitaneada exclusivamente por indústrias de transformação, mas também por empresas comerciais, de serviços, financeiras e de tecnologia, as quais exigem terrenos, prédios, equipamentos e quase tudo o que costumeiramente se atribui a investimentos em fábricas de bens materiais. No editorial referido foi lembrado, ainda, que "o Paraná precisa com urgência de capitais estatais, capitais privados nacionais e capitais privados estrangeiros para financiar um programa de ampliação, recuperação e modernização da sua infraestrutura, como condição necessária para um novo ciclo de crescimento". Analisando informações de cidades como Ponta Grossa, Londrina, Maringá, Cascavel, Curitiba e várias outras, a conclusão é que, se novos distritos produtivos não forem implantados, apenas a melhoria da infraestrutura básica (energia, estradas, portos e aeroportos) não dará conta de promover o crescimento econômico do estado.

Nem mesmo as maiores cidades do Paraná estão em condições de abrigar um ciclo de expansão industrial e implantação de novas empresas, pois há falta até do elemento mais primário, que são terrenos e espaços físicos. Está ficando para trás o tempo em que, quando uma fábrica se dispunha a instalar sua planta industrial em um município, a prefeitura fazia de tudo para não perder o investimento, oferecendo terrenos e toda a infraestrutura requerida, e o estado entrava com o apoio adicional do banco estadual de desenvolvimento, por meio de empréstimos para financiar os projetos. Atualmente, o financiamento deixou de ser problema e é mais facilmente resolvido diretamente pelos acionistas do negócio. Mas cabe aos municípios resolver o problema de áreas e de infraestrutura, além de eventuais incentivos fiscais. A constatação de que não há locais, nem suporte, para a atração de novas empresas é até certo ponto chocante, e é um problema que exige solução profunda e imediata.

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