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Em meio a mais um dos tantos feriadões que faz todos os anos a alegria dos brasileiros, o litoral paranaense continua a sua luta para conseguir se recuperar dos prejuízos que as chuvas de março provocaram. Disposição e tenacidade não faltam à população litorânea para reconstruir o que as enxurradas deixaram como rastro: rodovias interrompidas, pontes destruídas e localidades isoladas, além de três pessoas mortas e milhares de outras desabrigadas. Hoje, os principais problemas já estão superados, a começar pela quase total normalização de tráfego na BR-277. Em Paranaguá e nas cidades históricas de Antonina e Morretes, as condições para receber o turista foram restabelecidas, o que faz antever um bom movimento nesses dias de feriado estendido. A expectativa positiva também se estende para os balneários que esperam por um fim de semana agitado.

Sem dúvida é auspicioso que o litoral possa receber nessas datas uma leva suficiente de visitantes que faça movimentar a roda da economia local, mas exatamente aí reside uma contradição: a sazonalidade que torna esses municípios extremamente dependentes de feriados e do verão.

Diante disso, a constatação a que se chega é que o litoral do Paraná necessita com urgência de um projeto factível de desenvolvimento que contemple os 365 dias do ano e não apenas alguns poucos meses. Dispondo de características peculiares devido ao seu forte apelo ambiental, a verdade é que a região historicamente sempre foi desdenhada pelos governos federal e estadual. Ajudas pontuais como as que ocorreram para minimizar os danos com as chuvas são importantes, sem dúvida, mas não deixam de ter um caráter meramente paliativo, atendendo à necessidade emergencial.

Dispondo de bom potencial econômico, em particular no setor do turismo, com o atrativo das cidades históricas que se somam à faixa de balneários, o litoral reivindica mais atenção. E desafios não faltam na empreitada de colocar a região em um novo patamar. A começar pela necessidade que se tem de conciliar o necessário desenvolvimento econômico e social com a indispensável preservação ambiental de uma das poucas áreas remanescentes de Mata Atlântica contínua ainda hoje existentes no Brasil.

Mas um novo olhar para o litoral paranaense não se resume apenas aos cuidados ambientais. A região apresenta outras deficiências crônicas que pedem atenção, em particular no tocante à sua infraestrutura. A viabilização de um novo ramal ferroviário para fazer a ligação de Curitiba com o porto de Paranaguá é um projeto acalentado há décadas e que ainda não saiu do papel; a modernização desse terminal portuário, o maior do País na exportação de grãos, como forma de ganhar maior competitividade é outra prioridade estratégica para o desenvolvimento local e do próprio estado. Também a construção de um novo porto em Pontal do Sul é uma possibilidade que não pode ser descartada para o futuro, principalmente pelas condições favoráveis de calado que garantiriam a atracação de navios de grande porte. Ainda em Pontal do Sul, a instalação de um complexo destinado à construção de plataformas para a extração do petróleo do mar ganha mais evidência agora, com o Brasil entrando na era do pré-sal.

Como se vê, caminhos existem para abrir uma nova perspectiva ao litoral. Caminhos possíveis que conciliam o progresso com a vocação de defesa do meio ambiente. Então, o que falta mesmo é vontade política para garantir à região um novo amanhã. É o que se espera que ocorra o quanto antes.

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