Os primeiros meses de 2025 foram marcados pela troca de governos em vários países, incluindo Estados Unidos e Alemanha; os próximos meses ainda terão pleitos em nações como Canadá, Austrália e Portugal. No caso norte-americano, a troca de presidente não representou apenas a substituição do ocupante da Casa Branca, mas a derrota do Partido Democrata e a vitória do Partido Republicano, com a vitória de Donald Trump. Mais ainda: houve a troca de um presidente fraco, Joe Biden, por um mandatário polêmico, com estilo pessoal duro e direto, que sintetiza sua proposta na expressão America first again (“a América primeiro novamente”).
O cenário no Poder Legislativo norte-americano também mudou, com os republicanos assumindo o controle sobre a Câmara de Representantes e o Senado. Encerrado o primeiro trimestre de 2025, algumas iniciativas importantes se apresentam como peças que ditarão as políticas econômicas e o conjunto de medidas tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. Fala-se em possibilidade de retração no ritmo do crescimento do PIB dos EUA, e as previsões mais pessimistas mencionam uma possível recessão; observa-se retração nas cotações das ações listadas nas bolsas de valores em várias partes do mundo ocidental, e queda nos preços mundiais dos produtos agrícolas; persistem as incertezas quanto à guerra na Ucrânia e aos conflitos no Oriente Médio; a elevada dívida pública segue causando preocupação; há uma pressão altista sobre os juros; e leis de imigração estão sendo endurecidas. Tudo isso em meio a uma severa guerra comercial iniciada pelo “tarifaço” de Donald Trump, neste início de abril.
Como sempre fazem, os inimigos do capitalismo exacerbaram suas críticas ao livre mercado acusando-o de adotar práticas predatórias e insensibilidade frente aos problemas sociais, principalmente a pobreza e a desigualdade de renda. Na sequência, voltam as propostas e pedidos de mais regulação e intervenção estatal para conter o que chamam de “excessos do livre mercado”. Os críticos do mercado costumam falar e dirigir-se ao público assacando críticas e xingamentos como se o mercado fosse um agente, uma pessoa jurídica ou algum ser personalizado que acorda todos os dias e resolve lançar ao mundo um estoque de crueldades econômicas e políticas.
O PT, vitorioso em cinco eleições presidenciais, e seu líder maior, o presidente Lula, seguem tentando solapar o capitalismo e o livre mercado
Regra geral, os críticos vorazes do mercado e do capitalismo agem ou por interesse, ou por má-fé, ou por ignorância sobre como funcionam a economia e o mercado. Os que o fazem por ignorância não sabem que o mercado é apenas um sistema físico ou virtual para o processamento de trocas de bens materiais, serviços, direitos, capitais e tecnologias. A base do mercado é a promoção do encontro entre os que desejam algo e os que têm esse algo e estejam dispostos a vender, empresar, locar ou ceder mediante pagamento calculado sob um sistema livre e competitivo de preços.
O mercado é um juiz imparcial das decisões e comportamentos dos agentes que nele atuam, fazendo que as bilhões de ações praticadas por bilhões de pessoas, empresas e instituições estejam a serviço de atender as necessidades múltiplas, ilimitadas e variáveis que movem a máquina gigantesca do sistema econômico. As variações de produção, distribuição, consumo, compras, vendas, investimentos e demais operações seguem o curso das possibilidades, vontades e atos de todos os que atuam a fim de satisfazer suas necessidades físicas, mentais, racionais e emocionais, independentemente da vontade de qualquer estrutura de governo ou de Estado.
No Brasil, é rotineiro que alguma autoridade, a começar pelo presidente da República, se ponha a criticar o mercado e ameaçar com a mobilização de instrumentos para interferir, regular ou disciplinar o que julgam ser atos condenáveis da prática mercadológica. Vale registrar que até mesmo as práticas ilícitas e condenáveis do ponto de vista da moral individual e da necessidade social são ações inerentes à sociedade humana, seus indivíduos e suas instituições. Para essas, que constituem crimes ou infrações à lei votada pelos representantes do povo, existem os mecanismos de coibição e punição sistematizados na Constituição, nos códigos legais e nas regras baixadas por meio de normas infralegais.
VEJA TAMBÉM:
No Brasil, sempre invocando a pobreza e os flagelos sociais, políticos no Executivo e no Legislativo, e até mesmo membros do Judiciário, não passam um dia sem alguma crítica ao mercado, à liberdade e ao comportamento das pessoas. O problema começa quando, a partir da crítica, tais autoridades usam seus cargos e seu poder para solapar a liberdade, criar impedimentos ao livre funcionamento do mercado e determinar ações e comportamentos sem lógica e sem conexão com a realidade econômica. O presidente Lula é contumaz nas críticas ao mercado e à economia livre, fazendo que parcela expressiva da população passe a acreditar que todos os problemas decorrem de ações deliberadas e da maldade pessoal dos agentes do mercado, como comerciantes, industriais, banqueiros e produtores rurais.
Como resultado, expressiva parcela da população brasileira acaba acreditando que todos os males de suas vidas derivam das ações e práticas do mercado e seus agentes, e que tudo tem origem na maldade daqueles que representam o capitalismo, o mercado e as empresas de todos os setores. Cria-se, assim, o clima de aceitação e aprovação de medidas anticapitalistas, antiempresariais e prejudiciais ao fomento da livre iniciativa e seus efeitos positivos na produção, no emprego e na renda. Aumento da tributação em geral, aumento de impostos sobre herança, ameaças de interferência nos preços de produtos e serviços, tentativas de recriar o imposto sindical, e limitações ao direito de manter dinheiro no exterior (é o caso da tributação sobre empresas offshore) são exemplos de medidas derivadas dessa mentalidade.
Tendo tudo para ser um país desenvolvido – estágio que, acreditava-se, o Brasil atingiria antes da virada do milênio –, o país entra na metade da terceira década do século 21 indicando que, a despeito do progresso em algumas áreas, o tão sonhado país do futuro seguirá pobre e longe do padrão das nações desenvolvidas. Esse é o cenário em que o PT, vitorioso em cinco eleições presidenciais, e seu líder maior, o presidente Lula, seguirão tentando solapar o capitalismo e o livre mercado, numa repetição de sua velha e vencida visão de mundo.