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O presidente Lula será lançado oficialmente hoje, pelo PT, como candidato à reeleição. Trata-se da segunda rodada para recondução imediata do presidente da República, novidade na política brasileira; a primeira ocorreu em 1998 com a reeleição do então presidente Fernando Henrique. Lula vinha retardando a data da convenção petista porque, a partir do anúncio oficial da nova candidatura, aumentam as restrições legais para sua movimentação: o instituto da reeleição com permanência do mandatário no cargo é uma situação excepcional que sofre vigilância da Justiça e da opinião pública, empenhadas em resguardar o equilíbrio entre os candidatos, próprio da democracia.

Por isso o presidente Lula anunciou que a partir de agora não mais irá inaugurar obras ou lançar pedras fundamentais, limitando-se a realizar visitas de inspeção a tais projetos. Por sua vez, o ministro Tarso Genro, da coordenação política, informou que as atividades de Lula serão separadas em duas partes: a primeira, durante a semana, dedicada a atividades da Presidência; a segunda, nos fins de semana e à noite, voltada para eventos da campanha eleitoral.

Doutro lado, formalizado pretendente a um segundo mandato, o presidente da República se expõe à maior vigilância da Justiça Eleitoral – que acaba de restringir a edição de MPs com "bondades" representativas de aumentos para o funcionalismo e outras despesas para os cofres públicos. É verdade que, tendo logrado imprimir um ritmo positivo à sua gestão, Lula desfruta de popularidade superior à dos competidores, porém tem flancos expostos. Nesse primeiro semestre, por exemplo, o presidente inverteu o padrão dos três anos anteriores quando se dedicava a inúmeras viagens para o exterior; passou a percorrer o país para inauguração de obras ou simples lançamento de projetos.

Também elevou a despesa pública, com ampliação do quadro de pessoal e reajuste para categorias funcionais, conforme contas feitas pelo especialista Raul Veloso. O ritmo de gastos causou preocupações, por vir em contraponto à fase de incertezas que passou a prevalecer no mundo, abrindo campo para a formulação de um plano alternativo por parte do principal desafiante, o ex-governador Geraldo Alckmin. Só que o candidato da coligação PSDB/PFL – embora reconhecido pela austeridade de sua gestão em São Paulo – ainda não se firmou como alternativa viável, não logrando exibir o carisma com que Lula, com sua linguagem figurada, caiu no gosto da média dos eleitores.

Mesmo assim o discurso de Alckmin na convenção do PFL, quarta-feira, foi melhor do que a oração com "cara de relatório burocrático" de aceitação da candidatura no encontro do PSDB dias atrás. Se conseguir dar molho às apresentações pessoais ou durante o horário eletrônico, o desafiante tucano poderá reequilibrar a competição, hoje desnivelada pela vantagem que a reeleição sem afastamento do cargo confere ao governante de plantão.

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