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MST realiza protestos e invasões de terras em alusão ao “Abril Vermelho”.| Foto: MST/divulgação

O Movimento dos Sem-Terra levou menos de quatro meses para mostrar que, no governo Lula, o crime no campo compensa. O “exército de Stédile” – cujo “general” acaba de ser prestigiado ao integrar a comitiva oficial da recente viagem presidencial à China – não tem pensado duas vezes antes de invadir fazendas produtivas e até mesmo uma unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Pernambuco. E, em troca, vem recebendo alguns olhares tortos de ministros, mas também está conseguindo praticamente tudo o que pede ao governo federal.

“Qual foi a terra produtiva que o sem-terra invadiu? Porque o sem-terra invadia terras improdutivas”, disse o então candidato Lula em agosto de 2022, mentindo mais uma vez, já que o histórico do MST continha, sim, invasões em áreas produtivas. Se já havia sido assim no passado, apenas com muita ingenuidade seria possível acreditar que seria diferente caso Lula voltasse ao Planalto. E o MST logo tratou de mostrar a que veio: a Suzano Papel e Celulose teve três fazendas de eucalipto na Bahia invadidas em março, e outras propriedades da empresa acabam de ser invadidas no Espírito Santo. Ainda mais acintosa foi a invasão (já encerrada) da unidade de pesquisa da Embrapa Semiárido, destinada ao “desenvolvimento de pesquisas e geração de tecnologias voltadas à melhoria da qualidade de vida de populações rurais”, de acordo com nota da empresa. O trabalho da Embrapa, aliás, é uma das razões pelas quais o Brasil é uma potência agropecuária, o que apenas ressalta a gravidade da ação dos sem-terra.

Colocando na balança o palavrório ministerial de condenação e a caneta presidencial de endosso, quem em sã consciência haveria de renegar métodos que estão funcionando tão bem?

Os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro; do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira; e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, reclamaram, com maior ou menor ênfase. Mas, na hora do que realmente interessava, o MST saiu vencedor. Nos últimos dias, o governo federal substituiu superintendentes do Incra em sete estados, atendendo a uma das reivindicações dos sem-terra. Ao menos cinco dos novos nomeados têm ligação direta com o MST, ou seja, na prática o movimento está aparelhando o órgão responsável por supervisionar os esforços de reforma agrária no país. Colocando na balança o palavrório ministerial de condenação e a caneta presidencial de endosso, quem em sã consciência haveria de renegar métodos que estão funcionando tão bem?

Stédile e seus milicianos sabem muito bem que a insatisfação dos ministros – se for sincera, evidentemente – não tem peso algum diante dos laços históricos que unem PT e MST. Sabem, também, que podem fazer o que bem entender e jamais serão chamados à responsabilidade por qualquer governo petista. A lição de 2014 foi bem aprendida: em fevereiro daquele ano, milhares de militantes foram a Brasília para o Congresso Nacional do MST – patrocinado por Caixa Econômica Federal, Petrobras e BNDES – e marcharam sobre a Praça dos Três Poderes, tentando invadir o Supremo e o Planalto. Com paus, pedras portuguesas arrancadas do piso da praça e martelos, feriram 30 policiais, oito deles gravemente. Apesar disso, não houve prisões em massa, os sem-terra não foram chamados de “terroristas” nem incluídos em inquéritos abusivos; pelo contrário, ganharam um encontro com a então presidente Dilma Rousseff, intermediado pelo então ministro Gilberto Carvalho.

O MST se sente à vontade para seguir invadindo e depredando porque sabe que tem as costas quentes: um aliado no Palácio do Planalto que está disposto não apenas a proteger o grupo, mas também a entregar o que ele deseja. Lula premiou o “abril vermelho” dos sem-terra ao não tratar seus crimes como tais e ao dar-lhes quase de porteira fechada um órgão do governo, exatamente como eles pretendiam. Com isso, enviou uma mensagem inequívoca: ao MST, para que continue invadindo, pois é estratégia que funciona; aos proprietários no campo, que não contem com apoio algum do governo federal, que já escolheu seu lado, e não é o do respeito à lei e ao direito de propriedade.

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