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O Brasil precisa manter sua presença no Haiti, dentro da missão pacificadora coordenada pelas Nações Unidas. Apesar do incidente trágico que vitimou o general brasileiro que comandava as tropas internacionais estacionadas naquele país do Caribe, concordamos com o vice-presidente e ministro da Defesa, José de Alencar: a tarefa ali iniciada com sacrifício deve ser completada de forma satisfatória. Trata-se de um imperativo decorrente do papel histórico desempenhado pelo país no cenário mundial, tornado mais relevante nesta era de globalização.

De fato, o desnorteante panorama que se desenha aos olhos da geração contemporânea vai tornando o mundo cada vez mais plano e menor, na avaliação do ensaísta americano Thomas Friedmann. Para os pensadores Michael Hardt e Antonio Negri, estamos ingressando numa fase de globalização em que a governança mundial – incluindo a manutenção de uma situação de paz e de ordem – decorre de uma estrutura em rede onde os estados nacionais, instituições internacionais e outros atores operam pontos nodais de influência. As potências maiores naturalmente desempenham presença mais ampla, porém quanto maior a participação de um país mais ele se credencia para um papel relevante.

O que faltou no Haiti foi uma atuação inclusiva para a estabilização do dilacerado país negro do Caribe, em que além da presença militar e das operações policiais fossem desenvolvidos programas de reativação das atividades civis, produção econômica e similares. Trata-se de um conceito de segurança ampliado levado a efeito com êxito em outras regiões conflagradas e que, por algum motivo, ficou ausente no Haiti, ocasionando o progressivo desencanto da população com a intervenção da ONU e uma queda do "moral" entre a tropa pacificadora.

Colocado agora diante do dilema de concluir a missão ou fracassar, o Brasil precisa seguir adiante com a mesma determinação aplicada, em outra circunstância histórica, pelo Duque de Caxias, ao assumir o comando das forças aliadas em operação na Guerra da Tríplice Aliança. A propósito não há dúvida que o Brasil continuará na chefia da missão pacificadora internacional, bastando a reafirmação do interesse ora manifestada por nosso governo. Mas, no exercício da tarefa, o país precisará engajar todos os meios possíveis para levá-la a bom termo, não desamparando seus expedicionários nem constrangendo seus chefes.

Ainda no ambiente regional está para ser recebido em Brasília o presidente eleito da Bolívia, Evo Morales, o primeiro líder de origem indígena no país andino. O ministro das Relações Exteriores defende plena integração da Bolívia ao Mercosul, que há pouco recebeu adesão da Venezuela. Na mesma linha, o embaixador argentino Juan Pablo Lohlé destaca a convergência de visão dos governos do continente na consolidação do Mercosul, também prioridade para nossa diplomacia.

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