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Com algumas conquistas e muitos desafios pela frente, o Mercado Comum do Sul ou simplesmente Mercosul está completando 20 anos de existência. Etapa importante nos esforços pela integração econômica da América Latina, o bloco teve o seu embrião com a assinatura do Tratado de Assunção, em 26 de março de 1991, pelos presidentes do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. O Mercosul tinha, então, como principais primados a livre circulação de bens e serviços, a eliminação das barreiras alfandegárias e o estabelecimento de uma tarifa externa comum.

Na teoria a ideia se mostrou mais factível do que na prática, com o bloco debatendo-se com entraves que acabaram afetando a sua eficácia. O protecionismo dos países membros se sobrepujando aos interesses comuns, as oscilações econômicas tanto globais como regionais, a instabilidade política nos países membros e a ausência de um comprometimento mais efetivo no cumprimento de metas são alguns dos obstáculos que, mesmo vencidas duas décadas, insistem em persistir.

Ainda que os resultados não sejam até agora os esperados, o Mercosul não pode ser desprezado como importante instrumento de alavancagem da economia no continente, em particular dos países signatários do tratado. Em um mundo cada vez mais competitivo, a integração comercial no Cone Sul pode balizar, ao mesmo tempo, um mecanismo de defesa frente aos desafios globais e um instrumento de estímulo aos investimentos na região, a partir de uma maior abertura das economias que compõem o pacto. Pensar os rumos da integração num cenário econômico extremamente volúvel representado pela instabilidade dos preços das commodities, pelo enxugamento das linhas de crédito e pelo acirramento do protecionismo é uma tarefa desafiadora que se apresenta para o fortalecimento do Mercosul.

Ainda assim, alguns dados mostram um resultado extremamente favorável ao Brasil. Em 2008, por exemplo, o superávit brasileiro em relação aos seus sócios foi de US$ 6,8 bilhões, aparecendo a Argentina como responsável por US$ 4,3 bilhões. A atenção para com o Mercosul também tem sido respaldada pelo setor privado, que vê no bloco importante fator de internacionalização das empresas. A Argentina, em particular, tem recebido investimentos consideráveis de grupos brasileiros que dessa forma vêm dando importante contribuição à recuperação econômica do país vizinho em diversos setores, com ênfase na siderurgia, no ramo têxtil, automotivo, de autopeças e químico, dentre outros. No âmbito doméstico também é importante citar os interesses do Paraná em relação ao comércio envolvendo o Cone Sul. Pela sua privilegiada localização geográfica e porte agroindustrial relevante, o estado tem muito a usufruir com o incremento comercial com o bloco, como forma de fortalecimento da economia estadual.

Ao completar 20 anos, a expectativa é que o Mercosul continue avançando rumo às metas colimadas nos idos de 1991 com o Tratado de Assunção, superando as barreiras que ainda persistem. Que o Brasil, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai, além de possíveis novos parceiros candidatos a ingressar no bloco – a Venezuela é um deles –, possam continuar somando esforços em prol dos interesses comuns.

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