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A política externa norte-americana patrocinada pelo ex-presidente George Bush é uma página virada que não deixa boas lembranças, tantos foram os equívocos cometidos. Erros que levaram a conflitos como a invasão do Iraque, atrás de armas de destruição em massa que se revelaram inexistentes, à guerra do Afeganistão e ao distanciamento de tradicionais parceiros internacionais. Tudo isso à custa de bilhões de dólares e escassos resultados práticos contabilizados.

Barack Obama, que se prepara para disputar a reeleição em 2012, vem dando mostras inequívocas de que pretende dar uma guinada nesses rumos diplomáticos, a fim de permitir a retomada do protagonismo dos Estados Unidos no mundo. A visita à presidente Dilma Rousseff, apenas três meses depois de sua posse, deve ser debitada na conta dessa manifesta intenção da Casa Branca de construir canais de diálogo mais estreitos com países historicamente próximos como é o caso do Brasil.

Mas é no explosivo Oriente Médio que reside o maior desafio para Obama, região há décadas conflagrada e onde sucessivas tentativas para o estabelecimento de uma paz duradoura fracassaram. O conflito árabe-israelense, o terrorismo alimentado pelo fundamentalismo religioso, que encontra ali um terreno fértil à sua propagação, e as recentes manifestações por mudanças nos regimes do Egito, Tunísia, Bahrein, Síria, Irã, Iêmen e Líbia são um duro teste a uma solução negociada que conduza à pacificação.

Na luta contra o terror, a morte de Osama bin Laden trouxe um alívio aos norte-americanos dez anos depois do atentado às torres gêmeas do World Trade Center. O sentimento de que a justiça afinal foi feita com a morte do líder terrorista, entretanto, não acaba com a ameaça do terror pelo mundo. Combater as causas que servem de fermento às manifestações extremistas é uma tarefa por demais complexa que passa por uma reengenharia política e social para região e disso o presidente Barack Obama demonstra estar plenamente consciente.

Em mais um passo na tentativa de estabelecer um novo patamar de entendimento para o Oriente Médio, o mandatário norte-americano fez importante discurso em Washington, na última quinta-feira. No pronunciamento voltado para o mundo árabe, Obama voltou a defender a criação de um Estado palestino desmilitarizado com base nas fronteiras com Israel pré-Guerra dos Seis Dias (1967). Admitiu, ele, o direito que os palestinos têm de governar a si mesmos em um Estado soberano, com a condição de que reconheçam a existência do Estado judeu.

Em sua fala, Obama também mandou um duro recado aos governos da Síria, Líbia, Bahrein e Irã, condenando as violentas repressões às manifestações populares por mais liberdade. Em contrapartida, àqueles que estiverem dispostos a tomar iniciativas voltadas à implantação de regimes democráticos, garantiu o compromisso dos Estados Unidos de apoio político e financeiro. Já como primeiro passo da nova ofensiva diplomática, anunciou a anistia de US$ 1 bilhão da dívida egípcia, ao mesmo tempo que irá liberar linhas de financiamento tanto para o Egito como para a Tunísia, a fim de modernizarem suas estruturas e investirem no desenvolvimento econômico e social.

Fica claro no discurso de Obama que os Estados Unidos sinalizam com uma nova visão para tratar as questões que envolvem particularmente o Oriente Médio. Nela, a imposição do poder militar, ainda que o seu uso não seja de todo descartado, abre espaço antes à negociação e ao diálogo. Como avançar daqui pra frente no sentido de conciliar os multifacetados interesses em conflito, particularmente a questão palestina, é a grande indagação que fica. Só o tempo mostrará se isso ocorrerá ou não.

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