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O ditado "Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço" cabe perfeitamente para explicar o comportamento do PT quando o assunto é privatizações. Não é de hoje que os caciques petistas demonizam a prática das privatizações como uma herança maldita deixada pela administração tucana de Fernando Henrique Cardoso. Lula em suas campanhas eleitorais fez disso um mantra de sucesso prontamente adotado por sua sucessora Dilma Rousseff quando dos embates com seu opositor José Serra, no último pleito presidencial. Se o tema é palatável eleitoralmente, já na prática a conversa é outra.

Em nome do pragmatismo, o que vale mesmo é resultado e dentro deste escopo o governo do PT, que já havia passado para a iniciativa privada a administração de rodovias federais via pedágio, resolveu seguir pelo mesmo caminho no caso dos aeroportos. Para tanto, anunciou nesta semana a decisão de passar no próximo ano para as mãos de empresas particulares a operação dos aeroportos de Guarulhos, em São Paulo; Viracopos, em Campinas; e o de Brasília. Também ficou definido que os terminais do Galeão, no Rio de Janeiro, e o de Confins, em Belo Horizonte, passarão pelo mesmo processo na sequência. O modelo definido para as concessões será o das Sociedades de Propósito Específico (SPEs), a serem constituídas por capital de investidores privados com a participação da Infraero em até 49%. Empresas estrangeiras igualmente poderão se habilitar nos leilões, que terão os primeiros editais conhecidos até o final do ano.

Ainda que vá contra a cartilha petista, a medida anunciada pela presidente Dilma Rousseff, durante reunião com governadores e prefeitos das 12 cidades-sede da Copa de 2014, na última terça-feira, só deve ser enaltecida. Afinal de contas, diante das reconhecidas limitações orçamentárias do caixa do governo e da prevista necessidade de injeções bilionárias de recursos na Infraero para adequar os aeroportos à Copa do Mundo, a opção de se delegar à iniciativa privada essa missão é acertada.

O ônus da promoção do maior evento futebolístico do planeta é pesado para qualquer país e o Brasil não é exceção à regra. Se por um lado ganhar a condição de sede da Copa é uma conquista indiscutível, ainda mais quando se trata do autodenominado país do futebol, por outro os desafios decorrentes dessa condição são inúmeros e de grande complexidade. Portanto, agir rápido é preciso para que seja viabilizada a estrutura esperada de um bom anfitrião. Estrutura que vai muito além dos estádios. Devemos receber bem os milhões de torcedores e turistas que são esperados. Governo e iniciativa privada trabalhando juntos é o modelo adequado para garantir que a Copa do Brasil seja o sucesso que se espera. Uma parceria, no caso dos aeroportos, que abre a perspectiva de novos e bem-sucedidos empreendimentos em comum na busca de soluções para os grandes gargalos que travam o desenvolvimento nacional.

Não é mais possível conviver com velhas e ultrapassadas formas de governar que colocam em campos opostos administração pública e empresários, como se fossem forças antagônicas incapazes de somar esforços e partilhar interesses. O anúncio pela presidente Dilma Rousseff da privatização de três dos mais importantes terminais aeroportuários do país é um passo importante numa caminhada na qual o Brasil, com certeza, só tem a ganhar, além de servir para desmistificar a velha pregação petista de que privatizar é ruim.

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