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O publicitário paulista Renato Meirelles, criador do instituto de pesquisa Data Popular, se tornou o Paulo Montenegro das classes desfavorecidas. Sua empresa, nascida de um trabalho universitário, fornece dados sobre as práticas e a mentalidade das faixas C em diante – os chamados "consumidores emergentes."

Os dados do Data são dignos de anotar. Mas nem sempre é preciso. Difícil não se identificar com itens feito "orçamento doméstico", "espírito familiar" e "relações de vizinhança", mostrando ser raro um brasileiro, mesmo ilustrado, que não tenha um pezinho na vila. Somos, no fundo, um emaranhado de classes conviventes, mais ou menos expostos às mazelas nacionais, mais ou menos sujeitos às mesmas respostas, moremos no Jardim Social ou no Tatuquara.

Mas sem relativismos. A classe C – justo mais falada – tem um modo muito particular de formar redes de apoio. Um dos costumes que melhor a define é a capelinha de Nossa Senhora. Passa pelo portão, pela conversa e pela escala humana. Desafiar algum desses quesitos implica ganhar rabo de olho.

Explica muita coisa. Os populares gostam da casa e do que é caseiro. Suas escolhas ideológicas e econômicas passam pela identificação com o que se parece aos valores domésticos. Daí a rejeição aos discursos muito empolados e o pé atrás com exclusivismos e esnobação. Embora possam ser apolíticos, os "durangos" querem se sentir parte do todo e igual a todo mundo. Querem pertencer. Só conversa com eles quem se põe ao rés do chão.

Do contrário, "passe outro dia."

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