• Carregando...

Aos 74 anos de sua existência e 22 anos depois do fim do ciclo de governos militares, a aviação comercial brasileira vive um momento decisivo. E, nesta terça, como anunciou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende, conforme suas palavras, dar uma "solução definitiva" ao problema do apagão aéreo.

Quando nos seus primeiros passos, a aviação comercial enfrentou momentos delicados. O Brasil ganhou asas em 1925, com a Condor Syndikat, ou Sindicato Condor. Às vésperas da II Guerra Mundial, e sob pressão do governo dos Estados Unidos, contrário à exploração de rotas para o interior do Brasil pela empresa alemã, temendo uma atuação política e militar, recorreu-se à nacionalização. A Condor acabou incorporada ao Patrimônio Nacional em 1942. Um ano depois, passava a se chamar Cruzeiro do Sul, que se transformaria em um dos símbolos da aviação civil brasileira nas décadas seguintes. Outro quadro dramático viria a ocorrer no início dos anos 60, quando as companhias foram convocadas a repartir a ajuda em dólares oferecida pelo governo para que pudessem realizar pagamentos internacionais. O percentual de cada empresa deveria ser proporcional à quilometragem voada. Não houve consenso sobre o índice e a reunião, na sede do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias, acabou em confusão. E o incidente deu início ao que foi chamado na época de guerra entre as "azuis"– Varig, Vasp e Cruzeiro – e as "verdes", Panair do Brasil, Real Aerovias e Lóide Aéreo.

Dos monoplanos Monospar da Viação Aérea São Paulo (Vasp) que começaram a voar em novembro de 1933 para o interior, com escassos três passageiros, às queixas em uníssono das empresas em 1938, contra o excessivo peso da carga tributária – como se vê, outra questão bastante antiga –, a aviação civil foi superando a fase de pioneirismo. Os novos tempos trouxeram outros desafios, muito mais complexos até pelo gigantismo que tomou conta do transporte aéreo.

Agora, em face do acordo estabelecido na noite de sexta-feira passada, entre o governo federal e os controladores de vôo, o Comando da Aeronáutica propôs que esse pessoal passe a exercer, independentemente da gestão militar, o controle de tráfego aéreo de natureza civil. Isso a partir da criação de um novo órgão, diretamente subordinado ao Ministério da Defesa. Militares e civis que atuam em órgãos de controle de tráfego aéreo passarão à subordinação dessa nova organização. O comando da Aeronáutica, segundo nota oficial, entende a posição assumida pelo governo, "em face da sensibilidade do assunto para os interesses do país, principalmente no tocante à garantia da tranqüilidade do público usuário de transporte aéreo".

Como ficou claro, também a crise no setor aéreo é resultado de um problema de gestão antigo, mas, não pode aceitar, de modo algum, que os controladores, ou quem quer que seja, deixem milhares de passageiros encalhados nos aeroportos, mesmo que reivindicando melhores condições de trabalho e salários decentes. É do ex-sindicalista e hoje presidente da República a ponderação de que "as pessoas que têm uma função considerada essencial" precisam ter mais responsabilidade do que outras.

É hora, portanto, de pôr fim a um pesadelo, não apenas atendendo às reivindicações dos controladores, mas reestruturando totalmente o setor.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]