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Não há como fugir do ceticismo em torno dos resultados práticos possíveis de serem alcançados pela Rio+20

O Rio de Janeiro será sede, em junho, da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. O evento, que ocorre duas décadas depois da Eco-92, pretende colocar em discussão a contribuição da chamada "economia verde" para o crescimento sustentável do planeta e a eliminação da miséria. Trocado em miúdos, é mais uma tentativa para encontrar caminhos que permitam transformar a Terra em um lugar melhor de se viver para todos.

Apesar da pauta recheada de temas importantes e da expectativa da presença dos principais líderes mundiais, lamentavelmente não há como fugir do ceticismo em torno dos resultados práticos possíveis de serem alcançados. Uma volta ao passado, ao tempo da Eco-92, revela que pouca coisa mudou no cenário mundial no tocante às propostas para a redução dos impactos do desenvolvimento desenfreado no meio ambiente. As históricas diferenças entre países ricos e pobres e a permanente resistência dos Estados Unidos e da China em apoiar iniciativas efetivas para reduzir os índices de emissão de poluentes causadores do efeito estufa persistem e nada autoriza acreditar em avanços consistentes no curto prazo.

Mesmo com a recorrente dificuldade para transformar propostas teóricas em ações concretas, não passam despercebidos os esforços do Brasil para obter compromissos mais factíveis no terreno ambiental, em particular dos países industrializados. Aliás, nos últimos anos, o governo brasileiro vem assumindo posição de liderança nos esforços pela adoção de políticas globais para o desenvolvimento sustentável.

Com essa finalidade, algumas propostas estão sendo formatadas para apresentação durante os trabalhos da conferência. É intenção do Brasil defender a criação de um piso mundial para a proteção socioambiental, com a previsão de remuneração às populações pobres em troca da proteção de áreas de florestas e a recuperação de espaços degradados. Uma espécie de bolsa-família voltada para a defesa dos ecossistemas. A expectativa brasileira é de que a proposta integre a declaração final da Rio+20 a ser assinada pelos participantes, assegurando o necessário respaldo à sua viabilização, ainda que isso não venha a ocorrer de forma imediata. De forma semelhante, representantes da ONU pretendem defender durante a conferência, na linha da "economia verde", investimentos da ordem de 2% do PIB mundial em setores estratégicos para o desenvolvimento sustentável. A reforma dos órgãos da ONU voltados para a questão ambiental será outro tema a ser discutido, de forma a adequá-los à realidade do mundo atual.

Como se vê, ideias e propostas, algumas exequíveis e outras nem tanto, não faltarão para apimentar as discussões que ocorrerão na Rio+20. O difícil será obter o tão almejado consenso que permita a viabilização de um elenco delas que permita descortinar um horizonte melhor para a questão ambiental. Ao mesmo tempo em que é pacífica a percepção de que o mundo se encontra numa encruzilhada diante da magnitude dos desafios a serem enfrentados, conciliar os interesses díspares em jogo é questão bem mais complexa. Sob este prisma, o estabelecimento de metas de crescimento sustentável pelos países num futuro próximo, como consequência da Rio+20, pode ser considerado como um avanço considerável na política global em prol do meio ambiente.

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