• Carregando...

Nenhuma notícia poderia ser pior para a sorte de milhões de desempregados. Alguns economistas vêm afirmando que, se o produto anual do Brasil crescer 5% nos próximos dois anos, em 2010 poderemos sentir o efeito do apagão elétrico. O bem-vindo excesso de chuvas do primeiro semestre repôs os reservatórios, salvando o país de ter um apagão no governo Lula e criando condições para que haja energia capaz de sustentar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2008 e 2009.

Entretanto, dada a falta de investimentos do governo no setor, em 2010 o crescimento terá de ser freado por falta de energia. A se verificar essa previsão, estaremos diante de uma crueldade para com o país e, sobretudo, para com os milhões de desempregados desesperados em busca de uma vaga para trabalhar. Freando o crescimento da produção, o que é provável, e mantendo o aumento da população, o que é certo, a falta de investimentos públicos em energia será o vilão que impedirá o Brasil de marchar para fora da estrada da pobreza.

Fica uma pergunta: o que houve afinal de contas? Os que criticaram o excessivo gasto anual do governo com pagamento de juros, em função da dívida pública que anda próxima de R$ 1,1 trilhão, e que pediam a redução na taxa de juros para que o setor público reduzisse seus encargos financeiros, não vieram a público com a mesma veemência para denunciar que o governo estava criando outro ralo: as despesas de pessoal e custeio. Isto é, a taxa de juros vem caindo, mas as sobras de caixa no Tesouro Nacional não foram canalizadas para investimentos públicos em infra-estrutura. O país cometeu um equívoco de política econômica: destruiu ganhos de caixa derivados de menores desembolsos com juros aumentando exageradamente as despesas que não investimentos.

O crescimento médio do PIB nos últimos cinco anos foi em torno de 3% ao ano, enquanto o aumento nos gastos públicos com pessoal mais custeio ficou na marca de 9% ao ano no mesmo período. O país criou vantagens de um lado e construiu um ralo do outro, deixando de fazer a coisa mais necessária para o crescimento do produto e a melhoria das condições sociais do povo: investimento em infra-estrutura. A impressão que se tem é que o governo se deu conta do tamanho do problema, ao lançar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O problema é que um único setor – o de energia – pode impedir o crescimento do PIB e jogar por terra qualquer esperança de melhorias sociais.

Talvez ainda haja tempo de corrigir a rota desse gigante adormecido, com quatro medidas profundas: começar um programa sério de redução do tamanho do Estado nas áreas-meio para diminuir as despesas da máquina pública; abrir rapidamente as áreas de infra-estrutura para o investimento privado nacional e estrangeiro; privatizar, dar concessões e apressar as parcerias público-privadas nessas mesmas áreas; reduzir ao mínimo a carga tributária sobre investimentos nas áreas de gargalo, a exemplo do setor energético.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]