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A taxa de crescimento do Produto Interno Bruto, no quatriênio que está se encerrando, foi de 2,5% ao ano e, quando medida de forma "per capita", descontada a expansão populacional, cai para 1,2%. Por isso, considerando superados os entraves anteriores da inflação e da dívida externa, o presidente Lula se empenha em elevá-la a 5% ao ano – para assegurar a "velocidade de escape" no rumo do desenvolvimento sustentado.

O último conceito, formulado por um acadêmico das Ciências Sociais, o ensaísta Hélio Jaguaribe, encontra respaldo entre economistas como o professor Luciano Coutinho, um dos convidados para encontros especiais no Palácio do Planalto; ao lado do empresário Jorge Gerdau e outras personalidades. Coutinho – que recentemente proferiu palestra sobre o assunto na Federação das Indústrias, em Curitiba – considera necessário gerar um nicho de inovação capaz de favorecer nossa inserção pro-ativa no mundo globalizado.

Que precisamos crescer mais é consenso, porém não se consolidou o acordo mínimo entre o governo, lideranças políticas e a sociedade organizada sobre a fórmula para atingir tal objetivo – como notam economistas como Murilo Portugal, vice-diretor do FMI; Sebástian Edwards, professor da Universidade da Califórnia, e Luiz Guilherme Schymura, diretor da Fundação Getúlio Vargas.

Por isso continuamos presos ao dilema de controlar a inflação ou crescer; de apoiar as privatizações do passado ou manter um Estado provedor; de fazer gastos sociais ou investir em infra-estrutura. O presidente Lula, que cobra de seus ministros um "plano mais ambicioso" em termos de crescimento, também declara que vai continuar "agindo com responsabilidade" na gestão dos negócios nacionais.

O fato é que a raiz cultural dos governantes expressa a ambigüidade de quem surgiu na vertente esquerda da ação político-partidária, como notou o analista Celso Ming. Preso a essa ambivalência, o governo não se decide por um programa para consolidar o ambiente favorável aos negócios (envolvendo respeito à propriedade, racionalização burocrática, perfil regulatório etc.). No campo fiscal há resistências à desoneração trabalhista, reforma da previdência e racionalização administrativa (que incluiria "pente-fino" para avaliar a eficiência de programas superpostos); quanto mais ao corte de tributos.

Medidas drásticas são difíceis de implementar, como aprenderam os chineses reformistas de Deng Xiaoping. Naquele país a modernização começou por poucos setores e programas, com os benefícios resultantes servindo de alavanca para estimular a adesão de outros atores sociais, até que o impulso para o desenvolvimento se tornou uma torrente irresistível que dura mais de uma geração.

Entre nós, o crescimento de 3,5%, previsto para 2007, seria de bom tamanho, dadas as restrições apontadas. O problema é que medidas tópicas limitadas podem não gerar o efeito de relançar o país, como deseja o presidente da República para marcar seu segundo mandato.

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