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Graças à ação coordenada e à reengenharia desenvolvida por seis bancos centrais, entre eles o FED – o banco central norte-americano –, a crise internacional dos mercados chegou a dar uma pequena arrefecida esta semana. Mas a pergunta continua: até quando estaremos sujeitos a novos sustos, abalos e, pior, refém das prenunciadas conseqüências do que tem sido chamado de o novo 11 de Setembro? Quando chegaremos ao fundo do poço?

Como quer que venha a ser chamada a atual enrascada global, de novo 11 de Setembro ou mesmo de tsunami financeiro, como preferem alguns observadores, a questão é que a economia cometeu tropeços já previstos. Os problemas se arrastavam – e ganhavam volume – há um bom tempo. Nos nove primeiros meses do ano, por exemplo, os principais índices perderam mais de 25%. E a situação desandou em outubro, com quedas de quase 10% em vários mercados mundiais, e em um só dia.

A conjuntura aponta o fim da tendência mundial por economias liberais, ressaltando o papel dos governos de intervir na ciranda financeira para regular o setor e evitar estragos como os que ocorreram e ocorrem na Europa e nos Estados Unidos. A avaliação é do economista Kanitar Aymoré Saboia, do Conselho Federal de Economia. No caso do Brasil, ele classifica de adequadas as medidas adotadas pelo governo brasileiro para reduzir os abalos sobre o crédito. Na opinião do economista, o Brasil hoje controla melhor o setor financeiro, ao contrário do que acontecia no passado, e, no médio prazo, as empresas, notadamente as que atuam com exportação do agronegócio, terão alguma turbulência pela frente em face da queda do preço das commodities em geral. A disparada do dólar em relação ao real também deverá reduzir as importações, freando a atividade econômica. Ainda em sua análise, nos próximos meses os Estados Unidos e a Europa enfrentarão um processo de estagnação econômica, já que "a economia globalizada tem efeitos positivos pela fluidez que propicia aos negócios, mas tem também como efeito colateral a irradiação dos efeitos predatórios com muita rapidez".

Outros estudos destacam que os governos da Europa e dos EUA atuam para garantir liquidez ao mercado, assumir os chamados ativos podres e recapitalizar as instituições financeiras, quando o problema é a falta de confiança, por parte dos próprios bancos, dentro do sistema financeiro internacional.

Há quem defenda, como a presidente da Câmara dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, um segundo pacote de medidas em decorrência do enfraquecimento da economia. De acordo com ela, o valor do pacote seria de US$ 150 bilhões. Mas o presidente George W. Bush já garantiu que vetaria um novo programa que incluísse aumentos nos gastos públicos.

Para turvar ainda mais o horizonte, o relatório Perspectiva Econômica Mundial, do FMI, reduziu a expectativa de crescimento global. Para este ano, caiu de 4,1% para 3,9%; para 2009, de 3,9% para 3% – o menor nível desde 2002 e considerado pelo Fundo Monetário Internacional como o fundo do poço, a véspera da recessão global.

Nenhuma nação está incólume, ao contrário da idéia que ainda tentam sustentar alguns setores da administração pública. Mais realista tem sido o Banco Central, que nos últimos dias adotou medidas para dar liquidez ao mercado. Se tiveram o poder de reversão que se imaginava, elas indicam, ao menos, que o BC deixou para trás a improdutiva fase da negação.

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