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Prevaleceu o bom senso na decisão da Câmara Federal de vetar a recriação dos bingos no país. Um projeto que teve pedido de urgência aprovado na semana passada, para um tema controverso e cheio de problemas.

O primeiro deles foi a forma com que foi apresentado, na rasteira da proposta de aprovação da CPMF para que fossem destinados recursos para a saúde. Como o projeto que previa a volta do imposto sobre movimentações financeiras era antipático, encontraram os defensores da liberação dos jogos uma forma de recolocar sua pauta como a solução mágica para o problema. Não era um grupo isolado, ou minoritário no Congresso. Contava com apoio da base do governo, sendo seus maiores defensores o deputado Paulinho da Força e o líder do governo na Casa, Cândido Vaccarezza.

A votação foi marcada por protestos também do governo, como o Ministério da Justiça, além do Ministério Público, da Receita Federal, da Caixa Econômica e com oposição do futuro ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Os relatórios apresentados pela Polícia Federal, pela Receita e pela Caixa mostravam fragilidade na fiscalização. Havia fortes indícios de que a legalização poderia ser uma oportunidade de prática de lavagem de dinheiro, já detectados quando o bingo era legalizado no Brasil. Além dos riscos mais evidentes desse tipo de atividade – lavagem de dinheiro ligada à corrupção, tráfico de drogas, aliciamento de menores, sonegação fiscal – existe um risco "invisível", que é o de pessoas se tornarem viciadas no jogo e perderem suas poucas economias.

Propostas que promovam a criação de novos empregos e que destinem recursos para a saúde são bem-vindas, mas não quando escondem segundas intenções. Devemos ressaltar que o histórico recente dos jogos de azar no Brasil não os credencia para seu retorno à legalidade. Basta lembrar o caso Waldomiro Diniz, assessor da Casa Civil, pego cobrando propina de empresários do jogo. Nada que abra caminho para o crime organizado é defensável, ainda mais se discutida na nossa maior Casa de Leis do país.

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