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As cerca de 2 mil pessoas esperadas hoje, em Curitiba, para o encontro anual das cooperativas do estado, fazem parte de um movimento econômico decisivo e único no país. Os representantes das 240 cooperativas paranaenses vão anunciar um resultado de R$ 28 bilhões em 2010 – 12% superior ao do ano passado. A maior parte dessa riqueza – 90% – vem das cooperativas agropecuárias, uma rede de geração de renda que se tornou um dos pilares da economia do Paraná.

É fácil compreender, na comparação com a rede de cooperativas de outros estados, por que o sistema paranaense se tornou tão importante. Em regiões como Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, as cooperativas atendem médios e grandes produtores. Prestam serviços diretos como a compra de insumos e a venda da produção, que segue para indústrias ou para exportação. As processadoras ainda são pequenas, considerando o volume da colheita.

No Paraná, a agroindústria processa 42% da produção do campo, índice que deve chegar a 50% até 2015. Além do serviço de compra de insumos e venda da produção, gera-se riqueza na transformação da matéria-prima. E ainda com uma diferença crucial: os cooperados são pequenos e médios produtores, o que garante maior distribuição de renda. Se as terras estivessem mais concentradas, um menor número de pessoas se beneficiaria do sistema cooperativo.

Os associados das 240 cooperativas do Paraná são 590 mil. Considerando suas famílias, mais de 2 milhões de pessoas participam dessa rede de atividades. Para efeito de comparação, o número é 11% maior do que a população de Curitiba. São eles a base dos R$ 28 bilhões gerados neste ano, valor expressivo a ponto de superar em R$ 3 bilhões o orçamento do governo do estado.

A renda do produtor vem da colheita. Do faturamento das cooperativas, só uma parcela do lucro líquido retorna aos agricultores, o que deve ocorrer nos próximos meses. A movimentação desses recursos, no entanto, gera empregos. As cooperativas do Paraná empregam atualmente 63,5 mil pessoas, mais que o dobro do número registrado dez anos atrás (30,4 mil). Esses trabalhadores vivem, na grande maioria, em pequenas e médias cidades do interior do estado. Como os agricultores, movimentam o comércio, o setor de serviços, pagam impostos, completando o ciclo de geração de renda que começa com o plantio de cada safra.

A dependência do Paraná do setor agrícola, num ano de ampliação do faturamento das cooperativas, é um motivo a ser comemorado. Não só pelo setor, mas pelo estado como um todo, que conseguiu alcançar bons resultados num ano de dificuldades. A agricultura teve preços considerados baixos durante todo o primeiro semestre.

É um motivo também para se avaliar como o Paraná pode se desenvolver economicamente a partir desse sistema, que dá sentido a todo o trabalho desenvolvido na lavoura. Até porque, se dependesse apenas dos resultados da lavoura, o estado estaria ficando para trás no agronegócio.

Na produção de soja, a liderança é de Mato Grosso. Na de milho, deve ficar com Minas Gerais neste verão. O Paraná continua sendo maior produtor de trigo e feijão, é verdade. E ganha a liderança nacional na produção de grãos somando todas as culturas (quando o milho de inverno vai bem). Porém, mais cedo ou mais tarde, deve perder esse posto para Mato Grosso, pela maior disponibilidade de terras no estado do Centro-Oeste.

Para garantir a liderança na geração de renda a partir do campo, o Paraná depende do sistema cooperativo, da transformação da matéria-prima. As cooperativas provam que conseguem aproveitar as riquezas do campo, gerar empregos e distribuir renda de forma exemplar. O fortalecimento desse sistema, com mais agroindústrias e investimentos em infraestrutura e logística, é uma forma de dar mais solidez à nossa economia. De valorizar o que dá resultado econômico e social, o que se tem de melhor.

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