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Para que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) seja levado a sério, o mais urgente a se fazer é prover o país de energia. Sem esse pré-requisito, nada feito. É para o ponto que converge a unanimidade dos observadores da conjuntura brasileira, para os quais é irrealizável o sonho do presidente Lula de sustentar um crescimento de 5% ao ano durante este seu segundo mandato pela única razão de que não há suficiente disponibilidade energética para tanto.

O cenário é mais grave do que à primeira vista se pensa: mesmo que o país mantenha a mesma irrisória velocidade média de 2,5% de incremento anual do PIB registrada na última década, prevê-se como forte a possibilidade de vir a ocorrer um novo apagão em 2008 ou 2009, repetindo-se o mesmo quadro que paralisou o Brasil em 2001. É que, apesar da triste lição, não foram feitos os investimentos necessários no setor.

É certo que o Estado brasileiro perdeu capacidade de investir em infra-estrutura. Comprometido com a pesada administração da dívida pública e forçado a manter sob arrocho o controle fiscal, o governo deixou de aplicar recursos naquilo que dinamiza a economia e gera desenvolvimento, isto é, em rodovias, portos, aeroportos, usinas. Mas também não se empenhou na medida necessária para atrair a participação da iniciativa privada no esforço para recompor e ampliar a sucateada e insuficiente infra-estrutura nacional.

Produzir energia leva tempo e não custa barato. Exemplos disso são as grandes hidrelétricas que, além do impacto ambiental que provocam, demandam o emprego de grande volume de recursos e longo tempo de construção. Ou ainda o caso das termoelétricas, dependentes do instável, nervoso, mercado internacional do gás natural – insumo que o país ainda não dispõe em escala de produção. Ainda mais complicada sob todos os aspectos seria a opção pela matriz nuclear.

Diante desse cenário, surgem como extremamente promissoras para, ainda que em caráter complementar e subsidiário, as pequenas centrais hidrelétricas, mais conhecidas pela sigla PCHs. Projetadas para aproveitar pequenas quedas d’água, provocar poucos danos ao meio ambiente, custarem menos, ficarem prontas com maior rapidez e poderem atender as necessidades localizadas das indústrias, as PCHs atraem o interesse da iniciativa privada em todo o país. São, sem dúvida, uma eficaz alternativa para suprir em boa parte a demanda de energia necessária ao crescimento preconizado pelo governo.

Graças a estas características, multiplica-se a construção de PCHs em todos os estados. De um total de 91 usinas em construção, 63 enquadram-se nessa categoria, todas resultantes de empreendimentos privados. Infelizmente, o Paraná, embora rico em recursos hídricos, é uma exceção. Por motivos claramente político-ideológicos, por vezes travestidos em duvidosas preocupações ambientais, apenas um projeto de PCH está em andamento; 21 outros jazem há três anos nas gavetas oficiais sem sequer ser avaliados, à espera da conclusão de um certo Zoneamento Ecológico-Econômico.

O Paraná, desta forma, lamentavelmente, põe-se também no setor energético na contramão da premência nacional e prejudica o seu próprio desenvolvimento.

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