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A volta de Delúbio Soares aos quadros do Partido dos Trabalhadores, segundo decisão tomada pelo diretório nacional do partido no último final de semana, atropela os princípios éticos que deveriam nortear a política. Deveriam, mas não no Brasil, onde os conchavos e os interesses partidários menores quase sempre acabam prevalecendo como uma forma de regra perversa. Ex-tesoureiro do PT, Delúbio foi expulso pelo seu envolvimento direto no escândalo do mensalão, um bem urdido golpe tramado pela cúpula petista para garantir amplo apoio no Congresso em troca de pagamento de propina aos políticos aliados.

A reabilitação de Delúbio, a partir do argumento de que ninguém pode pagar para sempre por um eventual erro cometido, segundo os defensores de sua volta, vai além do simples resgate de um militante que, a bem da verdade, nunca deixou de orbitar em torno da sigla, ainda que oficiosamente. Configura mais um passo na disposição do PT de questionar aquele que é o maior caso de corrupção política na história do país, reduzindo-o a uma mera peça de ficção. Nesse esforço partidário, também está incluído o ex-presidente Lula, que reiteradas vezes já afirmou ser o mensalão uma farsa forjada pela oposição, ainda que as provas que embasam o processo no STF sejam irrefutáveis. Posição muito diferente daquela dos tempos em que o PT fazia política no lado da oposição e que não transgredia de qualquer deslize cometido pelos adversários.

Insistindo na tese de que o mensalão nunca existiu, o PT também mira inocentar outras cabeças coroadas além de Delúbio, que há muito ensaiam um retorno ao primeiro plano da política petista. A reabilitação desses ditos companheiros, de preferência antes do julgamento no Supremo que pode começar este ano, teria o condão de representar uma forma de pressão sobre os ministros julgadores. O deputado cassado José Dirceu e o ex-deputado José Genoíno são dois exemplos emblemáticos desse processo de salvamento que está em curso; junto com eles dois estão outros mensaleiros, alguns, inclusive, desfrutando de um novo mandato eletivo, fruto do beneplácito do eleitor. É o caso do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) que, apesar de réu no processo do mensalão, foi reeleito e posteriormente indicado para presidir a Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante da Câmara Federal. A título de ilustração, os crimes imputados a João Paulo são os de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato.

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