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| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O resultado do primeiro leilão de infraestrutura do governo Bolsonaro foi muito superior ao esperado. Os três lotes de aeroportos foram arrematados com ágio significativo – em um deles, com terminais na Região Centro-Oeste, o consórcio vencedor, formado por empresas brasileiras, ofereceu uma outorga 50 vezes maior que o valor inicial pedido pelo governo. Os aeroportos leiloados no Nordeste, incluindo o de Recife (PE), serão operados pela espanhola Aena, uma das maiores empresas do mundo no setor, e que administra, por exemplo, os terminais de Madri e Barcelona. Os dois aeroportos do Sudeste ficarão com a suíça Zurich, que acrescenta Vitória (ES) e Macaé (RJ) a um portfólio que já incluía Florianópolis (SC) e Confins (MG). Outro peso-pesado da administração aeroportuária internacional, a Fraport, responsável pelo aeroporto de Frankfurt, na Alemanha, saiu de mãos vazias apesar de ter feito lances por dois dos três blocos.

Os passageiros dos 12 terminais leiloados deverão começar a perceber mudanças nos primeiros seis meses após a assinatura dos contratos, pois haverá obras imediatas e obrigatórias que vão desde os banheiros e fraldários até a instalação de wi-fi gratuita de alta velocidade e melhorias no ar condicionado e nos sistemas de esteiras de bagagem. Outras obras deverão ser realizadas ao longo dos 30 anos de concessão, algumas delas vinculadas a indicadores como o movimento de passageiros – se o aeroporto atingir um determinado número de passageiros por ano, por exemplo, pode ter de instalar uma nova pista ou novas pontes de embarque. Todos os investimentos estão avaliados em R$ 3,5 bilhões, em valores de hoje, para o período completo de concessão.

Mesmo com as reformas ainda por aprovar, há disposição em investir na infraestrutura nacional

As quantias envolvidas no leilão realizado neste dia 15 podem não ser tão significativas – a soma das outorgas pelos três lotes foi de R$ quase 2,4 bilhões, uma insignificância perto dos déficits primários dos últimos anos, ou do rombo que a Previdência deixa a cada ano. Mas é preciso ponderar que os principais aeroportos brasileiros, aqueles que são a porta de entrada dos turistas estrangeiros, já haviam sido leiloados – no certame da sexta-feira passada, apenas o aeroporto de Recife é um hub importante no Nordeste, enquanto os outros 11 terminais têm relevância mais regional que nacional. A mensagem que o resultado de sexta-feira passa é outro, ligado à confiança do investidor, inclusive o estrangeiro, no futuro do país.

Mesmo com tantas reformas ainda por aprovar, como a previdenciária e a tributária, a disposição em investir na infraestrutura nacional mostra que o setor privado segue confiando no potencial de crescimento do país e na agenda econômica estabelecida pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro Paulo Guedes, da Economia. A confiança e a boa vontade – as mesmas que estão colocando o índice Bovespa nas máximas históricas, perto dos 100 mil pontos –, no entanto, precisam ser respaldadas pelo Executivo e pelo Legislativo, especialmente por meio da aprovação das reformas. Com elas, o Brasil tem a chance de um crescimento sustentável e duradouro que se refletirá na maior demanda por infraestrutura, justamente o que os investidores esperam; sem elas, as perspectivas para o país são de retorno à recessão, afugentando a iniciativa privada.

Leia também: O primeiro teste para a infraestrutura no governo Bolsonaro (editorial de 13 de março de 2019)

Nossas convicções: Menos Estado e mais cidadão

Ainda neste mês de março, o governo leiloará a Ferrovia Norte-Sul e quatro terminais portuários. Em abril, as concessões de portos terão uma nova rodada. Nesta segunda-feira, o governo anuncia os leilões de mais 22 aeroportos, também divididos em três lotes. Até 2022, a União pretende se desfazer de todos os terminais que administra, e ainda há os estudos para a venda da parte que a Infraero detém em Guarulhos, Galeão, Viracopos, Brasília e Confins – todos aeroportos com pesada movimentação nacional e internacional, o que deve atrair até mais interesse que os leilões mais recentes. Ao retirar a participação estatal de atividades que a iniciativa privada pode conduzir, o governo não apenas faz um necessário enxugamento de suas atividades, mas também traz mais dinamismo à economia. Que os investidores, nacionais e estrangeiros, possam ver, nos próximos meses, ainda mais razões para continuar trazendo recursos ao país.

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