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As últimas semanas têm apresentado debates sobre se a recessão econômica foi superada ou não, e se a recuperação do crescimento já começou. Há certo consenso de que a queda do Produto Interno Bruto (PIB) cessou, depois de estagnar em 2014 e cair nos dois anos seguintes, acumulando redução de 7,4% em relação a 2013. Entretanto, parar de cair não significa sair da recessão, no mínimo porque a população cresceu mais de 5 milhões de habitantes nos últimos três anos e porque 2017 deve fechar com o PIB ligeiramente acima do resultado de 2016.

O otimismo de alguns fica por conta da previsão de crescimento de 3% em 2018, taxa com a qual muitos não concordam por julgarem ser otimista demais. Os que acreditam no crescimento de 3% justificam sua previsão com o argumento de que a taxa de juros vem caindo – a Selic foi reduzida para 7,5% na reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) de 25 de outubro passado – e a economia internacional está favorável para o bom desempenho das contas externas do Brasil.

A infraestrutura brasileira ainda é basicamente estatal e está em situação precária

Os menos otimistas rebatem dizendo que a crise política e a crise moral revelada nos intermináveis processos de corrupção atuam como inibidores nas decisões de investimentos nacionais e estrangeiros, e isso freia o crescimento econômico. Para os descrentes, o principal problema está nos enormes déficits primários do setor público e na demora na reforma dos sistemas de previdência dos trabalhadores do setor privado e dos servidores púbicos. A previsão de déficit consolidado nos sistemas de previdência – mais de R$ 200 bilhões para 2018 – é, segundo os pessimistas, um rombo gigantesco comparado com o tamanho da economia brasileira e, enquanto o governo não resolver enfrentar esse problema, a confiança dos investidores no país não aumentará e não haverá estímulo para seus projetos e negócios.

Outro problema é que, apesar de alguns avanços nas privatizações e concessões, a infraestrutura brasileira ainda é basicamente estatal, está em situação muito precária e os déficits fiscais não permitem que o governo faça investimentos relevantes no setor. Como o espaço para aumentos de impostos é muito pequeno, não dá para esperar aportes de recursos em projetos de infraestrutura física em níveis suficientes para puxar o crescimento em 2018. O governo pode tentar atrair investidores internacionais, acelerar as parcerias público-privadas, mas também isso parece que seguirá andando a passos muito lentos, e uma das causas está na dificuldade de aprovar legislação clara e capaz de estimular os investidores privados, sobretudo os estrangeiros.

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Ainda que se possa afirmar que a recessão bateu no fundo do poço ao fim de 2016, cessou de se agravar em 2017 e começa a recuperação em 2018, a previsão de crescimento do PIB no próximo ano está eivada de desconfiança. Embora seja grande o número de especialistas acreditando que o PIB vai crescer 3% em 2018, os menos otimistas – que se dizem realistas – não veem como essa taxa possa ser atingida, mesmo que o Brasil seja beneficiado por boas safras agrícolas, estabilidade nos preços internacionais das commodities e bom nível de demanda externa pelos produtos brasileiros.

A literatura econômica internacional mostra que, em situações similares, um dos pilares fundamentais para recuperação firme do crescimento econômico é o equilíbrio nas contas do governo, coisa que o Brasil vem dando mostras de que tem enormes dificuldades em realizar. O governo federal gosta de invocar a melhoria na criação de empregos neste ano como sinal da recuperação, mas essa variável está longe de apresentar melhora substancial, pois o total de desempregados segue acima dos 13 milhões de pessoas sem trabalho. É esperar para ver.

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