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O mais recente ataque verbal do governador do estado ao Ministério Público, expresso durante a reunião do secretariado conhecida como "escolinha", foi transmitido ao vivo pela TV Educativa, reiterando o uso distorcido desse recurso público. O desvio de função na emissora de televisão oficial que deveria – como o nome indica – servir a um fim educativo – é justamente o que motivou a ação civil pública da Procuradoria-Geral da República para investigar a conduta do governo paranaense. Por causa desse procedimento legal, o chefe do Executivo estadual voltou a se manifestar de forma contundente contra aquele órgão constitucional de Justiça.

Antes, em situação similar, o governador já havia investido contra um conselheiro do Tribunal de Contas usando termos insólitos; desta vez a atingida foi a presidente da Associação Paranaense do Ministério Público, Maria Tereza Uille Gomes, que havia levado a Brasília a informação que resultou na investigação determinada pelo Conselho Nacional do Ministério Público. Essa postura de ataques contumazes contra representantes de instituições públicas não condiz com o decoro requerido pelo cargo ocupado pelo governador, além de evidenciar a persistência no uso incorreto da emissora pública de televisão.

A emissora, mantida com o dinheiro dos impostos pagos pelos paranaenses, deve, por isso mesmo, servir à sociedade e não aos interesses do governo de ocasião ou de seu grupo político. Na última terça-feira, como de costume, a TV Educativa transmitiu as investidas do governador na "escolinha", em tons nada educativos e, portanto, distantes da vocação natural da emissora e do que diz a legislação que regulamenta as tevês educativas. Também na última terça-feira, à tarde, veículos de engenharia da TV Educativa foram estacionadas no pátio da Assembléia Legislativa para transmitir outro evento de interesse do governador: a reunião de uma "Frente Ampla pelos Avanços Sociais", comandada pelo líder do governo na Assembléia com o objetivo de articular manifestações de oposição ao pedágio.

Não é só o Ministério Público que enxerga problemas na conduta do regente da "escolinha" de governo do Paraná. Além de costumeiramente desrespeitar as leis e investir contra os adversários que pretende transformar em inimigos – situação inaceitável numa democracia –, o governador vê se afastarem amigos e antigos correligionários.

No cenário administrativo, as coisas não estão melhores: de uma só vez a Assembléia se prepara para aprovar três majorações de tributos estaduais propostas pelo governo: nas taxas do Detran, no imposto sobre veículos e, agora, na tributação sobre herança. A elevação da arrecadação que tais medidas vão proporcionar representam mais um injustificado ônus sobre a economia paranaense, que precisa ter fôlego para crescer mais.

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