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No domingo, os eleitores escolherão quem será o presidente da República pelos próximos quatro anos. O resultado dessa escolha permitirá prever quais serão os rumos da economia nacional, e somente depois que o eleito for conhecido as decisões de investimentos privados serão retomadas. Tanto os empresários nacionais quanto estrangeiros precisam formular cenários econômicos, políticos e sociais para planejar o futuro de seus negócios. Assim, uma das questões principais é descobrir as diferenças essenciais entre os planos econômicos dos três candidatos com chances reais de vitória.

Apesar das eventuais diferenças sobre certos princípios, na questão central da política econômica não há nenhuma diferença tão grande a ponto de significar uma ruptura com a estrutura que vem sendo adotada desde 1994, quando foi implantado o Plano Real. Nesse aspecto, perdeu sentido tentar enquadrar Dilma, Marina e Aécio em rótulos como "esquerda" ou "direita". Todos irão respeitar a economia de mercado, manterão o direito de propriedade e conduzirão o país com a manutenção do setor privado – em maior ou menor grau, com mais ou menos relutância – na condição de motor do sistema produtivo.

As diferenças maiores entre os candidatos estão na forma como cada um tratará o tripé central da política macroeconômica (meta de inflação, meta de superávit primário e câmbio flutuante), no direcionamento do orçamento público (mais investimentos em infraestrutura ou mais gastos sociais), na política de combate à inflação (maior realismo de preços ou represamento de preços controlados), na intervenção sobre as agências reguladoras (respeito à independência das agências ou interferência do Palácio do Planalto) e na política de privatização de empresas.

O que esperar da candidata Dilma pode ser conhecido pelo que fez nos últimos quatro anos a presidente Dilma. Quanto a Aécio Neves, é quase certo que sua política seria uma réplica dos princípios de Fernando Henrique Cardoso acrescida do que foi praticado pelo próprio Aécio em seus dois mandatos como governador de Minas Gerais. A estrutura da política macroeconômica adotada pelo PT é parecida com a implantada pelo PSDB no governo FHC (apesar de, no governo Dilma, alterações terem sido feitas, com resultados negativos), sendo que a única novidade poderia surgir no caso de vitória de Marina Silva. Entretanto, apesar de Marina ter a marca do ativismo ambientalista quase extremado, a guinada rumo a um discurso mais moderado e mais próximo do capitalismo liberal e o perfil dos membros de sua assessoria (alguns muito próximos dos quadros do PSDB) permitem prever que, também em caso de sua eleição, a política macroeconômica não deverá sofrer alteração de estrutura. A própria Marina deu declarações afirmando que fará política econômica parecida com a do PSDB e políticas sociais parecidas com as do PT.

O que tem defluído das falas de Marina é sua insistência em afirmar que fará gestão macroeconômica responsável, reabilitará a importância do tripé econômico e seguirá gestão das contas públicas austera e transparente. Quando diz isso, a candidata Marina endereça estocadas à presidente Dilma em razão do relaxamento com os gastos do governo, da deterioração do déficit público nominal e das manipulações na contabilidade fiscal. Tanto no mercado interno quanto entre os agentes internacionais praticamente não há quem discorde de que, se há um erro lamentável (e até desnecessário) cometido pelo governo Dilma, foi a manipulação aberta e descarada da contabilidade do governo, em uma tentativa de apresentar resultados claramente falsos. Pode parecer que a importância dessa prática seja menor que a atribuída pelos agentes do mercado. Porém, o efeito nocivo da atitude do governo, defendida sempre pelo ministro Guido Mantega, está em erodir a confiança dos agentes nacionais e dos investidores estrangeiros na economia brasileira e na ação governamental. A confiança não é componente mensurável por uma régua aritmética, mas é reconhecidamente um dos pilares fundamentais para o aumento da credibilidade do país e o estímulo aos investimentos produtivos.

Porém, o principal indicador dos rumos a serem seguidos pelo próximo presidente estará no tratamento dispensado ao tripé que constitui o núcleo central da política econômica do país.

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