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A mudança climática é mais grave do que se pensava, alerta relatório do governo inglês e já manifesta seus efeitos, com o número recorde de desastres naturais registrado em 2005, problemas que se repetem neste início de ano. De fato, o Brasil tem sido açoitado por temporais que causam destruições e mortes numa escala nunca vista em mais de meio de século – como o que atingiu o Paraná e o Rio de Janeiro no fim de semana – e suas contrapartes em outras partes do mundo: incêndios fora de controle na Austrália e nevascas devastadoras na Europa. Ainda, a seca que ocorre pelo segundo ano no Brasil Centro-Sul, comprometeu o rendimento da lavoura, antecipando os sinais do "El Niño" – fenômeno que afeta toda a América do Sul.

Essa alteração climática é gerada pelo aquecimento de meio grau nas águas oceânicas, mas, segundo os cientistas reunidos pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, essa pequena alteração é suficiente para causar danos situados acima da capacidade de suporte do sistema de companhias seguradoras, espalhando morte e destruição por todos os continentes. Neste ano, por exemplo, as frentes de frio ártico que desceram sobre a Europa durante o inverno do hemisfério norte foram as mais intensas em meio século, causando a paralisia virtual das nações situadas nessas latitudes – como o desabamento do teto de um pavilhão de exposições na Polônia que pode ter custado a vida de centenas de pessoas.

No Brasil, além das secas e temporais, outro fenômeno incomum marcou essa mudança: a bacia do Rio Amazonas entrou em colapso no segundo semestre do ano passado, com uma seca devastadora nas cabeceiras dos rios que abastecem o maior sistema fluvial do planeta. Os recifes de coral que se formaram ao longo de milênios também são vítimas da alteração das condições de temperatura e salinidade das águas, bem como as neves das cadeias de montanha e dos pólos, cujo derretimento se associa ao aumento do volume das águas, quando mais quentes, para elevar o nível dos oceanos.

Este vem subindo paulatinamente desde a Revolução Industrial e deve se elevar ainda mais, podendo comprometer regiões costeiras além de intensificar a ocorrência de furacões e inundações. Um pesquisador britânico, James Lovelock, sustenta que a situação observada é crítica e, não sendo adotadas medidas urgentes para sua reversão, o aquecimento da atmosfera causado pelo efeito estufa pode comprometer a continuidade da vida como a conhecemos. Formulador da teoria de Gaia, segundo a qual a Terra é um organismo vivo, Lovelock defende esforços para chegarmos ao desenvolvimento sustentável – bem comum mais precioso porque dele depende a vida de todos.

Essa foi também a mensagem do ex-presidente Bill Clinton no Fórum Econômico Mundial, instando governantes e líderes a levarem adiante suas operações produtivas ou de gestão tendo em vista, sempre, a dimensão ecológica da biosfera terrestre.

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