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O governo pretende desencadear em setembro uma cruzada nacional para conscientizar a sociedade sobre os riscos – cada vez maiores – do consumo excessivo de bebidas alcoólicas. O foco está no uso cada vez maior de álcool entre adolescentes e a relação direta da bebida com a violência e os acidentes de trânsito. O que se pretende é a redução de danos. Mais da metade das 35 mil mortes por acidentes de trânsito registradas no país em 2005 tiveram causas ligadas à embriaguez. E, segundo o Ministério da Saúde, dirigir depois de beber virou um comportamento comum entre os brasileiros.

A internação de cada vítima de acidentes implica no gasto de até R$ 56 mil. O Instituto Econômico de Pesquisa Aplicadas (Ipea) estima que os custos diretos e indiretos com os acidentes de trânsito no país consomem até R$ 20 milhões por ano. Já o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) mostra que, entre 2001 e 2005, cresceu em 12,4% o número de adolescentes na faixa de 12 a 17 anos que já experimentaram ou consomem bebidas alcoólicas.

Outro levantamento, agora da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), aponta o problema até entre crianças com idade entre 10 e 12 anos.

O primeiro Levantamento Nacional sobre os Padrões de Álcool na População Brasileira constatou que mais da metade dos brasileiros (53%) bebe mais de uma vez por semana. Foi a primeira pesquisa nacional sobre o assunto no Brasil, e os números serão usados para nortear políticas públicas para álcool. Para o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, tudo isso reforça a necessidade de se restringir a propaganda de bebidas alcoólicas. No caso, a iniciativa ministerial teria o apoio de quase 70% da população, para quem é preciso um freio aos excessos, principalmente quando alia o sucesso pessoal e a realização profissional ao consumo de álcool. Além da restrição a determinas peças de propaganda, a educação é apontada como uma política que precisa ser continuada para diminuir o consumo precoce de álcool.

Como muitos interesses serão contrariado ou postos em xeque, é fácil prever que a batalha será longa e bastante árdua. Basta ver o resultado do projeto apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e coordenado pela psicóloga Ilana Pinsky, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que avaliou com profundidade a relação entre a publicidade de bebidas alcoólicas – em especial a cerveja – e seu consumo pela juventude. A indústria da cerveja fatura mais de R$ 20 bilhões por ano e gastou, em anúncios, apenas em 2006, R$ 700 milhões, como publicou em recente número a revista Pesquisa, editada pela Fapesp.

Além disso, o projeto questiona a eficácia da decantada auto-regulamentação da propaganda, feita pelo Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária (Conar).

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