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Diz-se a torto e a direito que se lê pouco no Brasil. O último levantamento, de 2008, é do Instituto Pró-Livro, e deu um nó na cabeça dos pesquisadores, acostumados a índices subsaarianos, como o de 2000.

Naquela ocasião, como de praxe, a conta ainda era de 1,8 livro/ano por leitor – sendo 26 milhões de leitores ativos. Mas a metodologia foi mudada. Em vez de contar os leitores alfabetizados a partir dos 15 anos, a pesquisa mais recente considerou leitores a partir dos terceiro ano de escolaridade. O salto foi estrondoso.

O número de leitores saltou para 66,5 milhões e o de livros lidos por ano para 4,7 per capita, sendo 3,4 indicados pela escola. O novo método não é irresponsável nem matreiro. A grande sacada do estudo foi ter considerado o quanto no Brasil a leitura está vinculada ao ensino – desde o colégio dos pequenininhos.

Ao contar as leituras dos que ainda vestem uniforme azul-marinho, o instituto descobriu que o cenário melhorava. Esta é a boa notícia. A ruim é que o brasileiro tende a abandonar os livros à medida que entra na juventude e arruma emprego, com exceção dos que chegam ao curso superior. Moral da história: a escola sustenta o mercado de leitura, mas não o garante.

Os mais afoitos colocariam a culpa nos educadores. Mas é salutar considerar que o Brasil não é uma sociedade organizada em torno da cultura. Pesa muito sobre o nosso desempenho a apatia de setores como o mundo de trabalho, as igrejas e as famílias. Parece discurso de sempre, mas não é.

Semana passada, pegou fogo o embate entre o Ministério da Educação e o setor livreiro, para que esse faça sua parte na ampliação do mercado leitor. As editoras – isentas de contribuições federais como PIS/Pasep e Cofins – estão sendo convocadas a se mexer e a olhar para além dos 17% da população que compra livros. É palavra de ordem.

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