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O Papa Bento XVI, o secretário-geral da ONU, líderes da União Européia e o governo do Brasil, entre outros, renovaram ontem apelos pela paz no Oriente Médio, onde a ofensiva do Estado de Israel contra milícias armadas da Palestina e do Líbano atinge a população e afeta o próprio povo israelense. Observadores avaliam que, embora exercendo seu direito à defesa após ataques provocativos de grupos radicais, o novo governo israelense corre o risco de despertar animosidade no mundo inteiro com sua reação despropositada – além de alterar o mapa geopolítico de uma região instável.

A maior preocupação da opinião internacional – expressa pelo chefe da Igreja Católica, pelo secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, e por outros governos e organizações – é com os danos infligidos às populações civis. Estas, colhidas no fogo cruzado entre ataques de grupos como o Hesbolah e as forças armadas do Estado judeu, sofrem violência, privações e morte. No Líbano, a seqüência de dez dias de bombardeios destruiu a infra-estrutura que esse país vinha reconstruindo, causando mais de 400 mortes e forçando a fuga de meio milhão de pessoas.

Muitos brasileiros também foram atingidos ou estão fugindo do Líbano; a comunidade de cidadãos do Brasil vivendo lá é grande, devido às relações tradicionais entre ambos os países. A situação levou o governo brasileiro a lançar operações de resgate de seus cidadãos, em condições difíceis devido à continuidade do conflito. Outros 20 países também estão retirando seus nacionais do território libanês, inclusive os Estados Unidos, que chegaram a enviar uma expedição militar de socorro.

O ideal seria acelerar a remessa para a região de uma força internacional de pacificação, como recomendou o secretário Kofi Annan. Todavia o alinhamento do governo americano de George Bush com Israel tem bloqueado iniciativas nessa linha, paralisando o Conselho de Segurança da ONU. Trata-se de uma estratégia de risco, por espalhar animosidade entre os povos árabes e passar um recado dúbio para povos empenhados em construir sua existência sob um ambiente de democracia e paz.

É que, ao longo da crônica histórica, o Líbano tentou funcionar como território pacífico em meio a um Oriente Médio devastado por conquistadores guerreiros, desde os agressivos hititas e assírios da Mesopotâmia até, mais recentemente, os turcos otomanos. Ainda, os antepassados fenícios dos libaneses atuais são credores de muitos avanços da civilização ocidental, desde o desenvolvimento da escrita até as artes do comércio e da navegação. Essa herança nos alcança indiretamente, através da pioneira colonização da Península Ibérica pelos mercadores cartagineses (república do Norte da África fundada pelos fenícios) e, diretamente, pela imigração que situa no Brasil o maior núcleo de descendentes de libaneses no mundo.

São esses imigrantes – muitos deles entre nós no Paraná – que sofrem com o drama de seus parentes afetados por mais uma explosão da guerra endêmica no Oriente Médio.

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