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Como as peças de um dominó, governos ditatoriais de países do Oriente Médio e alguns da África continuam a cair ou, no mínimo, balançar, em razão da onda reformista que está tomando conta da região. Tunísia e Egito foram os primeiros a ver seus ditadores apeados do poder onde se encontravam encastelados há décadas. Manifestações semelhantes também se sucedem no Bahrein, Argélia, Iêmen, Irã e no Marrocos; mas a pedra da vez parece ser a Líbia, onde Muamar Kadafi, no cargo há 42 anos, vem reagindo com violência ao anseio popular por mudanças.

Em seis dias de insurreição, já são contabilizados mais de 400 mortos no país, e a capital, Trípoli, encontra-se praticamente paralisada. As incertezas sobre o futuro do país se acentuaram com o pronunciamento à nação feito ontem pelo ditador líbio, quando reafirmou que não cederá às pressões para deixar o poder. Disposto, segundo ele, até mesmo a morrer no cargo, Kadafi pode arrastar o país a uma conflagração de proporções inimagináveis.

Sufocado por anos a fio, o grito de liberdade desses povos contra regimes autoritários e oligárquicos parece não ser mais possível de conter. Nem mesmo a força das armas é suficiente para dispersar as multidões que tomam as ruas e praças com faixas, cartazes e palavras de ordem contra seus governantes perpétuos. Muito embora aparentemente o tsunami reformista não possa ser detido, os problemas não irão se resolver com a simples troca de um mandatário por outro. As diferenças étnicas e religiosas existentes naquela parte do globo são fatores complicadores para uma solução de curto prazo que permita vislumbrar o encaminhamento das mudanças políticas e econômicas esperadas pelos manifestantes. Haja vista a situação do Iraque, onde a simples deposição do ditador Saddam Hussein não pôs um paradeiro na problemática situação do país.

O mundo, em particular as grandes potências, acompanha com preocupação o desenrolar dos acontecimentos em razão dos interesses estratégicos concentrados na região. É de lá que vem a maior parte do petróleo consumido pelo Ocidente, e qualquer mudança mais brusca no frágil equilíbrio político local pode ter consequências imprevisíveis. Principalmente se as revoltas chegarem à Arábia Saudita, maior produtor de petróleo do planeta e principal aliado dos Estados Unidos.

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