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Após pesquisa de opinião que mostrou a maioria do povo britânico contra o alinhamento do primeiro-ministro Tony Blair à política do governo dos Estados Unidos, parlamentares do Partido Trabalhista de Blair intensificaram pressões para que ele se reaproxime da Europa. A nova linha atenderia melhor aos interesses da Grã-Bretanha – hoje afetada por problemas de segurança interna que derivam do posicionamento a favor de políticas unilaterais que ampliaram a instabilidade mundial. Essa situação se agrava com o surgimento de novos focos de tensão global, entre eles a postura belicosa do governo do Irã, ao rejeitar o aviso do Conselho de Segurança da ONU para paralisar seu programa nuclear.

O comportamento do novo presidente iraniano foi reforçado pelo apoio dos aiatolás religiosos que detêm a última palavra nesse país de religião islâmica do Oriente Médio. As notícias vindas do Irã desencadearam uma tempestade na política e negócios internacionais, com o barril do petróleo voltando a subir para 72 dólares. Analistas avaliam que essa postura é um desdobramento de más escolhas na estratégia ocidental de combater o terrorismo apenas com ações militares, da intervenção no Iraque que removeu o governo de Saddam Hussein ao apoio incondicional ao governo de Israel.

A reserva com que o povo e líderes britânicos passaram a encarar o alinhamento de Londres com a política antiterror do governo Bush se intensificou depois dos atentados e ameaças de bombas que tumultuaram vôos internacionais para os Estados Unidos e causaram prejuízos aos negócios de firmas de turismo. As crises londrinas também atingem os próprios Estados Unidos, acarretando mudanças na correlação de forças do país, desde a próxima eleição parlamentar até a sucessão presidencial, onde surgem as primeiras pré-candidaturas com críticas aos neoconservadores que ocupam a Casa Branca.

Para o professor Belmiro Castor, colunista deste jornal, na raiz da atual instabilidade está o unilateralismo dos governos afetados pelo terrorismo, que ao agir pela prevalência de seus interesses geopolíticos com absoluta liberdade investem-se no papel de árbitros supremos entre o bem e o mal pelo mundo afora. "A luta contra o terror não será vencida enquanto se imaginar que esta é uma guerra em que os papéis de bandido e mocinho estão claramente delimitados. Num mundo como o que vivemos nenhum dos contendores pode se atribuir o papel de mocinho, pela facilidade com que eles próprios resvalam para a barbárie que dizem combater".

Mas ainda existem esperanças, como o esforço dos países que se propõem fiadores da atual trégua e frágil entre Israel e os fundamentalistas do Líbano. Esperamos que nesse processo, as lideranças moderadas da ONU possam evitar o prolongamento da instabilidade, atuando por uma solução não conflitiva dos problemas mundiais – dentro do melhor espírito da Carta das Nações Unidas.

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