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A indicação do deputado peemedebista Luiz Cláudio Romanelli para titular da Secretaria do Trabalho no governo Beto Richa merece algumas considerações. A primeira delas é a constatação de que o PMDB nativo, a exemplo do que ocorre com a sigla no âmbito federal, antes de qualquer viés ideológico, mantém-se fiel ao seu apetite por cargos e poder. Pode parecer estranho à primeira vista entender como um parlamentar, que foi por quase oito anos líder do governador Roberto Requião, se bandeie com mala e cuia em apoio à sigla dos tucanos, que era até antes da recente eleição oposição ao governo que ora está terminando. Nenhuma surpresa, entretanto, àqueles mais afeitos às coisas e conchavos da política em que, no frigir dos ovos, o que interessa mesmo é garantir vantagens e benesses, ao melhor estilo Lei de Gerson.

Partido com maior número de cadeiras no Congresso e também na Assembleia Legislativa do Paraná, o PMDB assumiu nos últimos anos essa postura pragmática de valorizar, acima de tudo, a máxima de estar sempre ao lado do poder, independentemente de quem seja o mandatário ou sua cor partidária. Assim foi durante os governos de Fernando Henrique, Lula e assim será com o de Dilma que terá ao seu lado, além do vice-presidente Michel Temer, um ministério recheado de conhecidas figuras do quadro peemedebista.

No âmbito doméstico, de partido que teria como destino inexorável a condição de oposição pelos próximos quatro anos, o PMDB rapidamente mostrou sua capacidade de adaptação à nova realidade política passando a compor a base tucana de Beto Richa. A costura política não se resume unicamente à indicação de Romanelli para a Secretaria do Trabalho. O acordo PSDB-PMDB também passa diretamente pela Assembleia Legislativa, onde os peemedebistas Artagão de Mattos Leão e Stephanes Júnior assumirão respectivamente a primeira vice-presidência e a 3.ª secretaria, quando da nova composição da mesa diretiva da Casa. Para presidente já está de antemão acertado o nome do tucano Valdir Rossoni, que concorrerá com chapa única na eleição marcada para 1.º de fevereiro. Em resumo, acordos dessa natureza antecipam aos governantes a certeza de uma tranquila maioria ou a garantia da governabilidade, como gostam de justificar seus defensores; por outro lado, não deixa de representar um rolo compressor à disposição do Executivo para aprovar ou barrar iniciativas de acordo com a sua conveniência.

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