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Uma dura realidade que a presidente Dilma Rousseff está descobrindo nesses poucos meses à frente do país: governar com a situação pode ser bem mais complicado do que lidar com a oposição. De fato, a vida de Dilma não está sendo nada fácil em seu relacionamento com o Congresso, marcado por cobranças e ameaças vindas de todos os lados da base governista. Uma queda de braço que pode isolar o governo diante da pouca habilidade demonstrada pelas suas lideranças em negociar e pelo apetite cada vez maior do PT, PMDB e companhia, pela obtenção de benesses.

Depois de cobrar ostensivamente a indicação de apadrinhados para os cargos nos 2.º e 3.º escalões ainda não preenchidos, os governistas agora também se mobilizam para pressionar o Palácio do Planalto a liberar os recursos resultantes de emendas parlamentares, ainda do orçamento de 2009. A forma de cobrança é o velho e viciado expediente de demonstrar insatisfação em plenário, bloqueando a votação de matérias de interesse direto do governo.

Responsável pela articulação política do governo, a recém-empossada ministra Ideli Salvatti parece não estar conseguindo dar conta do recado, perdida em meio às tentativas de conciliar os interesses dos aliados com os do Planalto.

O impasse hoje enfrentado por Dilma, a bem da verdade, não é exclusivo dela e outros presidentes também sentiram as inconveniências do fogo amigo, consequência dos vícios que dominam a política brasileira. Vícios que em boa parte derivam da excessiva centralização administrativa e financeira da União, fazendo com que os estados e municípios dependam diretamente do repasse de verbas federais e das emendas parlamentares para conseguirem tocar suas administrações. Essa realidade faz com que deputados se transformem em meros agenciadores de recursos reivindicados pelos executivos estaduais e municipais; um círculo vicioso que se completa com a constatação de que os parlamentares passam a depender da liberação desse dinheiro para justificar seu trabalho nas bases e dessa forma garantir o mandato na próxima eleição.

A presidente Dilma Rousseff vem dando sinais de que pretende introduzir algumas mudanças na maneira de se conduzir com o Congresso, notadamente no propósito de buscar mais liberdade para conduzir o governo sem as pesadas amarras dos compromissos de campanha. A resistência em ceder a algumas indicações meramente políticas para determinados cargos e a decisão de frear o ímpeto dos parlamentares por recursos sinalizam por esse caminho. Como conseguir esse objetivo sem criar mais atritos com sua base de sustentação política é a grande indagação que precisa ser respondida.

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