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O governo federal está lançando uma diretriz de apoio à projeção internacional das empresas brasileiras, depois de hesitação durante o primeiro mandato do presidente Lula. Esse processo, que reconhece a importância de entrelaçar grupos empresariais promissores com outros agentes econômicos que operam em escala mundial, ganha reforço agora que o BNDES lança instrumentos para concretizar a prometida política de fortalecimento industrial. A nova orientação é oportuna no momento em que o país se beneficia de um influxo positivo para os emergentes na atual onda da globalização.

Coube à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, proclamar que o Estado brasileiro vai incentivar o capitalismo nacional apoiando companhias fortes e globais, num modelo de prestigiamento aos grupos que ingressaram com sucesso no mercado internacional. Esses "global players" são fundamentais na economia atual porque – explica a ministra – "nenhuma empresa pode olhar só para o tamanho de seu mercado local".

Em paralelo o novo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, integra a tradicional meta de política industrial a um esforço que visa a ampliar o montante de exportação para 210 bilhões de dólares até 2010, com apoio às cadeias produtivas capazes de gerar impacto, como o setor naval, o automotivo e o petroquímico. Porém o sucesso desse objetivo demanda ações de continuidade que não sejam interrompidas a cada mudança de governo, como fizeram outros países que alicerçaram sua expansão numa aliança não explícita com empresas nacionais.

Ainda agora a Índia, país emergente bem-sucedido, anuncia medidas compensatórias para empresas exportadoras afetadas pela valorização da rúpia. O governo indiano repete um padrão exercitado por nações hoje desenvolvidas, que sempre apoiaram suas principais empresas enquanto sustentavam um discurso diverso. A propósito, o governo decidiu dar suporte à consolidação de uma grande operadora brasileira de telefonia, enquanto o ministro Guido Mantega lamentou que em período recente se tivesse deixado escapar a oportunidade de dar endosso ao saneamento da principal linha aérea do país, a Varig, perdendo-se o valor representado por aquela marca, pioneira em vôos internacionais. O caso da Siderúrgica Belgo-Mineira, que passou para o controle de um grupo indiano, segue na mesma linha.

O respaldo ao empresariado é importante ainda para o crescimento sustentado. Se continuar avançando à taxa de 5% ao ano até 2010, último ano do atual governo, o Brasil subirá da 10.ª para a oitava posição no ranking internacional do PIB, superando a Espanha e o Canadá. Mas para sustentar essa "velocidade de escape" o país precisará ampliar a oferta de bens e serviços e melhorar a competitividade, corrigindo gargalos de energia e logística – como registrou o Fórum de Transportes realizado pela Fetranspar no último fim de semana em Curitiba. Afastar tais riscos implica, ao lado do apoio às empresas privadas, novos modelos como as concessões, participações público-privadas e outras formas de operação.

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