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Durou apenas quatro meses a fase zen de Roberto Requião, agora desfrutando de um longevo mandato de oito anos como senador da República. Voltando ao seu estilo habitual, acabou na última segunda-feira envolvendo-se em mais uma polêmica. Desta vez com um repórter da Rádio Bandeirantes, que teve o seu gravador arrancado das mãos pelo irascível político paranaense, contrariado pela pergunta feita sobre a aposentadoria de R$ 24 mil que recebe como ex-governador. Não satisfeito, ainda apagou o conteúdo gravado antes de devolver o aparelho ao jornalista, recorrendo posteriormente ao Twitter para justificar o ato. "Acabo de ficar com o gravador de um provocador engraçadinho. Numa boa vou deletá-lo", postou em seu microblog com a costumeira prepotência com que trata desafetos e questões para as quais não interessa dar explicações.

O ato ocorrido em Brasília não é o único cometido por ele contra jornalistas que procuram exercer o seu trabalho de forma correta e independente. Atitude semelhante já havia ocorrido com um repórter do Jornal de Londrina, em maio de 2004, quando ao entrevistá-lo, à época governador do Paraná, também acabou tendo seu gravador retirado à força. Nos dois casos, a única coisa que mudou parece que foi o traje de Requião, agora obrigado a substituir o habitual jeans azul pelo terno e gravata que o decoro parlamentar exige de um senador. Decoro que no seu caso parece se limitar apenas a cumprir a exigência da indumentária.

Já as costumeiras atitudes agressivas e destemperadas, quase sempre acompanhadas de doses de ironia e virulência, seriam permitidas a quem fez disso uma marca registrada de sua vida política. Carreira, aliás, invejável pelos cargos ocupados – deputado, prefeito de Curitiba, três vezes governador e duas vezes senador – mas que não autoriza atos autoritários como o cometido na segunda-feira, no Senado. Mais um de uma coleção que faz com que Requião responda a um crescente número de processos judiciais movidos por quem se sentiu atingido de alguma forma pelo estilo de ser do ex-governador e atual senador. Estilo que na opinião do presidente do Senado, José Sarney, reflete apenas o temperamento do parlamentar paranaense. Será mesmo apenas uma questão de temperamento, ou falta de mais respeito com os interlocutores que não comungam cegamente com suas opiniões? Que cada um tire suas conclusões...

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