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Menos jogos de aparências e discursos, mais comprometimento para efetivar mudanças rumo a uma economia verde em escala global. Essa deve ser a preocupação que todos os países participantes precisam ter na Rio+20, que ocorre em junho de 2012. Ao anfitrião da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o Brasil, caberá um papel especial, o de articulador político internacional. O objetivo do governo brasileiro deve ser o de criar um ambiente propício para que compromissos sejam não somente assumidos pelos participantes, mas também postos em práticas até nos mais longínquos rincões do mundo.

Especialistas têm manifestado a preocupação com que a Rio+20 fique esvaziada, em especial por não prever assinatura de acordos específicos ou estabelecimentos de metas a serem perseguidas pelas nações. Sem objetivos claros, corre-se o risco de o encontro ser dominado por discursos, porém deixando de lado o compromisso efetivo com mudanças.

Há 20 anos, a Eco-92, também sediada no Rio de Janeiro, teve como resultado o lançamento de diretrizes para o desenvolvimento sustentável – a chamada Agenda 21 – e a aprovação de três convenções referentes à desertificação, biodiversidade e mudanças climáticas. Nessas duas décadas que separam as conferências, as discussões avançam a passos vacilantes, com a dificuldade de comprometimento de grandes nações para o cumprimento de metas. É o caso dos Estados Unidos, que não assinaram o Protocolo de Kyoto para a redução de emissão de gases em pelo menos 5,2% até 2012. Como o protocolo expira no próximo ano, seria salutar que novas metas fossem estabelecidas.

O modelo de desenvolvimento econômico adotado, em especial por nações como Estados Unidos e China, exerce enorme pressão ao meio ambiente. Há indícios bastante fortes de aquecimento global, que não podem ser mais negligenciados e que são resultantes da emissão de gases poluentes por grandes países. Essa forma de desenvolvimento impede a natureza de se recuperar na mesma velocidade em que é degradada.

Há a necessidade de não somente se fazer uma crítica aos modelos de desenvolvimentos que vêm sendo adotados pelos principais países poluentes, mas de conscientizá-los a buscar formas sustentáveis. Não basta só desenvolver métricas uniformizadas a serem seguidas por todos os países, como deve propor a Colômbia na Rio+20, com o fim de se unificar esforços para se aferir o progresso das nações em sustentabilidade. Deve-se trabalhar medidas de preservação do planeta, além de um esforço internacional para que as sociedades se conscientizem da necessidade de ações socioambientais voltadas para um desenvolvimento de modelos econômicos "verde".

Ao lado do problema do esvaziamento de conteúdo da conferência, há a possibilidade de que líderes de nações de peso na governança global não compareçam à Rio+20. Em 2012, França, Alemanha e Estados Unidos terão eleições, o que pode ser tornar um obstáculo para que seus presidentes participem da conferência. E é aí que entra o papel do Brasil, como articulador internacional e garantidor do sucesso do evento.

Sem a presença de líderes dessas nações, cuja participação econômica e política no mundo hoje tem enorme relevância, a conferência corre o risco de se tornar um fracasso. Garantir a presença de lideranças mundiais de peso na Rio+20 e obter dos países participantes compromissos com objetivos e prazos claros é uma boa oportunidade para o Brasil mostrar que está à altura de suas ambições internacionais – de ser ator relevante nas discussões que permeiam os interesses de todas as nações.

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