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Tal e qual um filme com final já conhecido, terminou de acordo com o script o impasse no Ministério do Esporte com a saída de seu titular, Orlando Silva, torpedeado por denúncias e evidências de corrupção. A sua saída não surpreende e se dúvidas existiam em torno dela, elas se restringiam às previsões sobre o tempo a mais que ele resistiria no cargo. O que chama mesmo a atenção no episódio é a coleção de ministros defenestrados da função pela presidente Dilma Rousseff em dez meses de governo. Com Orlando Silva já são seis os afastados, cinco deles enredados em falcatruas: Antonio Palocci (Casa Civil); Alfredo Nascimento (Transportes); Wagner Rossi (Agricultura); e Pedro Novais (Turismo). A exceção entre os demitidos é o ministro Nelson Jobim (Defesa), que saiu em razão de manifestas incompatibilidades com a equipe de governo.

As seis demissões em menos de um ano já fazem da presidente Dilma uma recordista na troca de ministros em tão pouco tempo, fato que sinaliza de forma cristalina os equívocos que cercaram a formação do seu governo. O principal deles – diga-se de passagem, um mal crônico da política brasileira – está no loteamento dos cargos entre os partidos aliados. Vício que acaba fazendo do mandatário eleito um autêntico refém dos compromissos assumidos ao longo da campanha eleitoral.

Para complicar ainda mais a vida de Dilma em seu noviciado à frente do governo, os acordos político-partidários a qualquer preço ganharam relevância maior nos 8 anos de mandato do ex-presidente Lula. Jogar para debaixo do tapete denúncias e ações nada republicanas de aliados acabaram se tornando lugar comum na administração lulista; tudo em nome de preservar os interesses políticos e a companheirada a qualquer custo. Essa herança pesada foi herdada por Dilma, que ,com as demissões de ministros – todos oriundos do governo Lula – e também de assessores graduados dos ministérios, mostra que não pretende contemporizar com a corrupção.

Outro problema derivado do loteamento do governo está na regra não escrita, mas quase sempre seguida à risca, da substituição do ministro que caiu em desgraça por outro do mesmo partido. Uma espécie de cláusula pétrea que faz do ministério vago propriedade do partido ao qual o ex-titular é filiado. Uma situação extravagante que parece obrigar o governante a escolher um substituto oriundo da mesma legenda, exista ou não nomes qualificados para a função. Compensar o partido com alguém da mesma sigla e evitar insatisfações na base aliada é o que importa no final das contas.

De acordo com essa cartilha, o sucessor de Orlando Silva como ministro do Esporte é o deputado federal Aldo Rebelo, o que mantém a pasta sob domínio do PCdoB desde os tempos de Lula. Político experiente que cumpre seu sexto mandato, Rebelo já foi presidente da Câmara, líder do governo e coordenador político na gestão do ex-presidente Lula. À frente do Ministério do Esporte ele terá pela frente duas missões de fôlego e nas quais o ministro demissionário vinha patinando: dar andamento à organização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, e os Jogos Olímpicos marcados para 2016. Atividades a que ele se dedicará a partir de segunda-feira, data marcada para sua posse.

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