• Carregando...

Faltando duas semanas para as eleições gerais o panorama ainda não está consolidado, apesar da superioridade dos governantes que concorrem à reeleição para a Presidência e os governos estaduais. O aspecto principal é que a eleição só termina após o fechamento das urnas, podendo emergir fatos novos que modifiquem a ordem atual das preferências, jogando a decisão para uma segunda rodada no final de outubro.

No caso, cumpre lembrar a observação de Sólon, o legislador de Atenas, de que um atleta dos primeiros Jogos Olímpicos só era declarado vitorioso, recebendo a coroa de louros, depois de terminada a competição. No plano presidencial – valendo também para o pleito nos estados –, tal imprevisibilidade pode forçar um segundo turno, reabrindo as chances de postulantes que lideram as pesquisas, mesmo não colocados na preferência absoluta do eleitorado.

A candidatura do presidente Lula explora o apelo da continuidade, para evitar a paralisação de projetos que estão em andamento, sobretudo na área social: "bolsa-família", agricultura familiar, "Brasil sorridente" etc. O candidato Geraldo Alckmin – que passou ontem por Curitiba – não teve êxito em associar o governo Lula às denúncias de corrupção (mensalão, caixa 2, sanguessugas etc), porque, diz um consultor de opinião pública, o eleitor médio confunde as acusações com a ação governamental para reprimir desvios através da Polícia Federal e da CGU.

Análises de vários especialistas vão no mesmo sentido: o eleitorado acabou ficando anestesiado em relação aos escândalos porque a oposição manejou a questão ética de forma desajeitada, tendendo para um histerismo à antiga em vez de focar os pontos-chave: perdas da corrupção para o cidadão, diferenciação firme dos partidos fora do poder etc. O episódio da recente carta do ex-presidente Fernando Henrique, conclamando partidários a desafiarem o governo, é ilustrativo de que o PSDB "caiu no jogo" do presidente Lula, segundo o consultor político Marcos Coimbra.

Agora o presidenciável Alckmin pode ter tocado num ponto sensível: a ausência de soluções de infra-estrutura. O próprio candidato viajou até a BR-316 para mostrar um trecho esburacado dessa rodovia na Região Norte do país, entrevistando caminhoneiros e moradores para documentar a escassa ação governamental. A campanha de Lula reagiu tentando desqualificar a investida de Alckmin, mas há pouco para contrapor: as obras de infra-estrutura se ressentem de maior esforço governamental.

Mas o perfil contido do postulante tucano-pefelista, além do problema moral deixou de explorar situações negativas para o petismo-lulista, como a exaustão do ciclo positivo na economia: desaceleração nas exportações pelo desalinhamento cambial, desajuste em relação aos parceiros na era de globalização, desemprego de jovens. O fato é que nestas semanas de chegada para a eleição, ambas as candidaturas principais exploram o sonho de auto-realização dos pioneiros que migraram para construir no Brasil o Mundo Novo americano.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]