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Elogiado por planejadores urbanos e copiado em muitas cidades como o melhor do país durante décadas, o transporte coletivo de Curitiba há alguns anos mostra sinais de estar com problemas, fato que acaba colocando o modelo como um todo em xeque. Inovador num primeiro momento com as canaletas exclusivas para a circulação dos ônibus, com os biarticulados, a interligação de linhas e mais recentemente com os ligeirinhos e as estações-tubo, hoje são nítidas as deficiências do sistema. Estas se apresentam de variadas causas, que vão desde a pura e simples saturação com o aumento no número de usuários, passando pelo crescimento da cidade, o aumento da frota de veículos em circulação disputando espaço com os ônibus e pela ausência de uma alternativa viável que poderia ser o metrô. A esses fatores estruturais se somam uma série de outros que acaba agravando sobremaneira a situação do transporte que atende aos curitibanos atualmente. Uma das consequências mais visíveis desse quadro de dificuldades aparece no preocupante aumento no número de acidentes envolvendo ônibus na capital paranaense. O mais recente deles registrado no sábado último, quando um biarticulado e um ligeirinho acabaram colidindo na Travessa da Lapa, centro de Curitiba, deixando um saldo de 40 pessoas feridas, 28 delas necessitando encaminhamento a hospitais para atendimento.

Em ampla reportagem na edição de ontem em torno do acidente, a Gazeta do Povo mostrou um dado preocupante: em pouco mais de dois anos já chegam a oito as ocorrências graves envolvendo ônibus, sendo seis deles na região central, com um saldo de três mortos e mais de cem feridos. Uma questão que deve merecer a atenção imediata das autoridades responsáveis pelo trânsito e pelo transporte coletivo em Curitiba diz respeito à recorrência de acidentes num mesmo local. Denominados por especialistas ouvidos pelo jornal como "pontos negros" – um deles o cruzamento da Rua André de Barros com a Travessa da Lapa, onde ocorreu o sinistro do fim de semana – esses locais deveriam receber imediato reforço de sinalização e um controle mais rigoroso na velocidade dos coletivos.

Mas não basta apenas melhorar as condições de tráfego, reforçar a sinalização e garantir ônibus em bom estado nas linhas. O fator humano é essencial para um transporte coletivo eficiente e, principalmente, seguro. Aí também a situação parece não ser a ideal, a se acreditar nos depoimentos de motoristas ouvidos, que apontam uma série de dificuldades no trabalho diário. Os problemas mais comuns levantados dizem respeito a tabelas de horários apertadas, tempo insuficiente para o cumprimento dos percursos, falta de profissionais nas escalas e baixos salários; esses fatores, conjugados, acabam levando a uma situação de estresse que pode contribuir para a ocorrência de acidentes.

Fundamental no cotidiano da cidade, do transporte coletivo dependem milhares de curitibanos todos os dias para o seu deslocamento. A adoção de medidas que minimizem ao máximo o risco da ocorrência de acidentes é o escopo a ser perseguido, tanto por parte das autoridades, como pelas empresas concessionárias do serviço. Uma delas pode ser a obrigatoriedade da adoção do cinto de segurança por parte dos passageiros, a exemplo do que já ocorre com os carros de passeio. Testes e levantamentos estatísticos mostram a efetiva utilidade do seu uso como equipamento fundamental de segurança diante de um acidente.

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