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Quem permaneceu nas grandes cidades do Paraná nesta semana, quando grande parte dos moradores está no Litoral, deve ter sentido algo estranho. Ao sair de casa com o carro ou mesmo de transporte coletivo, parece que falta alguma coisa. Sobra espaço e tempo, como se a cidade estivesse mais leve. Pode-se sair de casa sem pressa e chegar ao destino com folga. Alguns até têm períodos de nostalgia, do tempo em que essa era a situação cotidiana.

É neste período de férias que quem está nas cidades grandes sente o quão difícil é trafegar pelas ruas ao longo do ano. O número de carros nas vias, a falta de estrutura para recebê-los e a falta de estímulo para o uso do transporte coletivo fazem com que o trânsito nos nossos municípios seja um problema quase sem solução.

A melhoria das condições econômicas da população e a facilidade de crédito levaram muitos brasileiros a realizar o sonho do veículo próprio. Hoje, 47% dos domicílios brasileiros têm automóveis ou motocicletas. O próprio governo criou políticas de incentivo à venda de automóveis, ou seja, criou políticas públicas para que mais carros estivessem nas ruas. O problema não está na facilidade de aquisição de bens, já que é ponto positivo que mais pessoas tenham acesso a eles. O problema está em promover ações de um lado e não compensar de outro. Com facilidade para financiamento para a compra do veículo, como convencer o cidadão a deixar seu carrinho novo, ou motocicleta, em casa, e sair de casa, andar até o ponto, esperar pelo ônibus, fazer o trajeto dentro dele de pé e de maneira apertada? É preciso oferecer uma alternativa atrativa, aliada a fortes campanhas de conscientização.

Nossa capital ainda é considerada referência quando o assunto é transporte coletivo, porém não é mais motivo de orgulho para os curitibanos. Ônibus lotados, lentidão no trajeto, um sistema que não recebeu expansão e, após 50 anos, somente agora funciona com os preceitos constitucionais, que exige concorrência pública para a concessão. Muita coisa precisa ser feita para que o sistema seja considerado modelo para o mundo. Somente as canaletas exclusivas e a integração de linhas nos terminais não são suficientes para dar conta da demanda.

É preciso estudar novos modais – como o modelo do metrô, seja subterrâneo ou de superfície –, planejar obras que priorizem o pedestre e o ciclista. Melhorar a tecnologia, que promova inteligência nos sinaleiros e controle de tráfego, é uma medida necessária, porém sozinha não resolverá o problema, que só tende a piorar. É preciso convencer o cidadão a deixar o carro em casa. Para isso, somente um transporte mais rápido e confortável pode, efetivamente, promover a melhoria do trânsito das nossas cidades.

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