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Não há garantia alguma de que as tão faladas "medidas moralizadoras" implantadas na Assembleia Legislativa possam facilitar as investigações das irregularidades e permitam inaugurar uma era de transparência na Casa. O pedido de afasta­­men­­to de Antônio Carlos Gulbino do cargo de di­­retor de Pessoal do Legislativo paranaense, feito pelo Ministério Público, é mais uma prova de que a direção da Assembleia não está preocupada em esclarecer as denúncias levantadas pe­­la Gazeta do Povo e pela RPC TV.

Mais uma vez o discurso moralizador dos deputados estaduais cai por terra. Gulbino foi empossado pelo presidente Nelson Justus, do De­­mocratas, depois que o Ministério Público pe­­diu que o antigo diretor de Pessoal, Cláudio Mar­­ques da Silva, fosse afastado por não estar co­­laborando com as investigações. O homem em quem havia sido "depositada a confiança" para a realização do recadastramento de servidores, a principal medida moralizadora da Assembleia, teve seu afastamento pedido pelo Ministério Público por demonstrar não ter interesse em auxiliar as investigações.

A decisão do MP foi tomada depois que Diva Scaramella Ogibowski, presidente interina do Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa, disse em depoimento ter sido enganada por Gulbino. Foi ele quem pediu a Diva Ogibowski que assinasse a procuração para que a entidade entrasse com mandado de segurança a fim de impedir o fornecimento da folha de pagamento do Legislativo.

O pedido de afastamento de Gulbino por tentar obstruir as investigações é muito pouco. Ele foi escolhido para o cargo pelos deputados. Para realizar atos "moralizadores". E, agora, a própria direção da Assembleia declarou que irá acei­­­tar o pedido do Ministério Público. A cada dia a permanência da atual Mesa Diretora fica mais constrangedora. Novos fatos surgem e indicam a má vontade em esclarecer as denúncias de funcionários fantasmas.

Diversos fatos permanecem sem resposta. Mesmo após as denúncias começarem a ser publicadas pela Gazeta do Povo e pela RPC TV, a Assembleia continuou a publicar atos secretos. Até agora não foram divulgados pela Casa Legislativa paranaense os 2.138 atos aos quais a reportagem da Gazeta e da RPC TV teve acesso. Além disso, nem Nelson Justus, nem o primeiro secretário, Alexandre Curi, do PMDB, deram uma explicação satisfatória para o fato de cerca de R$ 13 milhões terem sido desviados pelo di­­retor-geral afastado, Abib Miguel, sem que eles ao menos desconfiassem do ocorrido.

Como já foi dito outras vezes neste espaço, a Mesa Executiva é suspeita. Nelson Justus é alvo de investigações do Ministério Público, desde que foram publicadas reportagens mostrando que ele havia organizado uma rede de apoios po­­líticos usando cargos na Assembleia. Da mes­­ma forma, os outros integrantes da Mesa Diretora passaram a ser investigados pelo Ministério Público há três semanas, a fim de apurar denúncias a respeito de funcionários fantasmas. A permanência dos integrantes da Mesa Diretora, nessas circunstâncias, ofende o bom-senso. O prejuízo às investigações, evidente.

Mesmo diante de todos esses fatos, a maioria dos deputados prefere não se manifestar sobre a per­­manência da Mesa Diretora. Isso não é normal. Uma crise dessa magnitude que ocorresse em outros Poderes não deixaria os parlamentares calados. Cobrariam explicações. Pediriam uma resposta firme em favor da sociedade. Nada disso está acontecendo. O corporativismo desses representantes eleitos prova ser mais forte que o dever de bem representar a população paranaense.

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