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A resistência do Brasil à recente turbulência nos mercados financeiros mundiais, confirmada pela elevação da nota de risco do país por uma agência internacional, se soma ao crescimento da economia no primeiro trimestre, divulgado nesta semana. No campo político, as pesquisas mostram melhoria dos índices do principal candidato oposicionista ao Palácio do Planalto, mantida a superioridade do presidente Lula, o que projeta uma campanha equilibrada. Esses efeitos positivos se juntaram à orientação mais branda do Fed, o Banco Central norte-americano, para o controle da inflação, assinalando um ano estável se soubermos evitar radicalizações políticas ou aventuras econômicas.

Embora sofrendo desaceleração nos meses de maio e junho, o PIB brasileiro cresceu a uma taxa anualizada superior a 2005 de 3,4% no primeiro trimestre, com expansão da taxa de investimento para 20,4% – o melhor resultado desde 2000. No ano, os analistas esperam uma expansão de até 3,8%, superando os efeitos da estiagem que castigou a produção agrícola; a indústria sustenta crescimento superior a 2,5% e será beneficiada com a redução da taxa de financiamento de longo prazo (TJLP) e; finalmente, o consumo das famílias e do governo se expande durante um período eleitoral.

Como pano de fundo o Conselho Monetário manteve a expectativa de inflação para o próximo ano em 4,5%, o que permite um controle moderado dos índices de preços. Esse indicador nacional se conecta com o registro do Fed de que adotará linha mais branda no acompanhamento dos preços nos Estados Unidos, possivelmente encerrando em agosto o ciclo de alta dos juros básicos. A majoração da taxa paga pelos portadores de títulos do tesouro norte-americano, a propósito, foi responsável por desencadear a turbulência generalizada nos mercados financeiros, a partir de maio.

Como reflexo da redução de liquidez mundial, documentada entre outros pelo financista George Soros, as bolsas de valores se retraíram em várias praças, com investidores deixando mercados emergentes. Todos eles sofreram quedas no período de maio a junho, porém enquanto Turquia, Hungria e Islândia sofriam forte ataque especulativo, o Brasil resistiu, com perdas relativamente modestas. "O momento de turbulência serviu para diferenciar o Brasil, graças aos bons fundamentos da economia", declarou o nosso secretário do Tesouro, Carlos Kawall.

De fato, durante a última semana, a agência de classificação de risco Fitch elevou a nota do país para a marca "BB", aproximando-a do grau de investimento internacional. Falta muito para nivelarmos com as nações do bloco desenvolvido, em termos econômicos e sobretudo sociais, como dá conta nosso Índice de Desenvolvimento Humano (de 0,750 pontos médios, ante 0,850 dos países mediterrâneos de renda média superior). Mas, como defende o professor Hélio Jaguaribe, se soubermos construir com lucidez um projeto de país capaz de romper gargalos e retomar o crescimento sustentado, esse objetivo será alcançado em breve.

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