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A primeira Unidade do Paraná Seguro (UPS) foi implantada ontem no Uberaba, um dos bairros com mais altas taxas de homicídio em Curitiba, com a maciça presença de policiais militares. Até o fim do ano, mais nove serão implantadas na cidade. É a reação que a sociedade esperava, depois de uma década de inação e de desmantelamento nas políticas de segurança pública. Sem contratação de novos policiais – até dezembro do ano passado, quando 3 mil foram contratados – o efetivo vinha encolhendo, e somente a Polícia Civil estava 9% menor do que há dez anos.

A ação da Secretaria de Segurança Pública merece aplauso e também recomendações para que todos os cuidados sejam tomados com a população, com a maioria absoluta de trabalhadores e chefes de família que moram na região. É um bom começo e um sinal da vontade política deste governo. Um sinal também da bravura dos homens da Polícia Militar, principalmente dos que ficarão na região em contato direto com a comunidade. Para a segurança pública alcançar os patamares esperados pelos paranaenses, é preciso ir muito além. É necessário, por exemplo, que a sociedade se envolva nessa luta contra a violência.

A presença ostensiva de policiais civis, militares e da guarda municipal em uma operação nas vilas mais pobres do bairro Uberaba, em Curitiba, pode ser um marco da retomada da segurança pública do Paraná. Essa ação é o início de um grande projeto, que deve ser estendido para as maiores cidades do Paraná. É representado pela instalação das Unidades do Paraná Seguro (UPSs), um instrumento usado para combater o tráfico de drogas e a taxa de homicídio no estado.

Pode se dizer que as UPPs instaladas no Rio de Janeiro tenham inspirado o projeto paranaense, mas, segundo as autoridades do governo, as UPSs têm um conceito mais amplo de presença do Estado em regiões violentas. A grande crítica que recebem as UPPs é justamente serem unidades pacificadoras, com a presença da polícia, mas que não trouxeram até agora mudanças sociais significativas, como fornecimento de água, escolas, creches, urbanização.

O que o governo do Paraná diz pretender fazer é um trabalho conjunto com as prefeituras e a sociedade civil organizada, em um projeto de longo prazo. Depois de um trabalho de inteligência policial para identificar quem eram os criminosos e como agiam na região, teve início ontem a fase mais visível do projeto. Agora começa a etapa de consolidação. Além da polícia, a presença do Estado deve ser sentida com políticas públicas, que devem melhorar a vida dos moradores, através de contraturno escolar, ocupação dos espaços públicos e detalhes importantes como a iluminação das vilas e roçada.

Porém todo esse projeto audacioso não será efetivo sem o envolvimento da comunidade. E essa talvez seja a etapa mais difícil. A presença policial sozinha não resolve, assim como as políticas públicas terão pouco efeito, se a sociedade não se envolver. A comunidade tem de confiar, assumir esse projeto de combate à violência como sendo seu. Precisa se reunir para discutir os problemas e pensar em soluções, deve ajudar a polícia no combate aos criminosos, entender que não adiantam ações pontuais da polícia. É preciso iniciar uma luta contínua e ampla no combate à criminalidade.

É com esse pensamento que o GRPCom iniciou no ano passado a campanha "Paz tem voz", buscando envolver toda a sociedade na luta contra a violência. Desde o início da campanha foi mostrado o quadro lastimável da segurança no estado, exemplos de experiências comunitárias no combate à violência que deram certo e também foi chamada a atenção do governo e da comunidade para o enfrentamento desse problema.

Com a operação iniciada ontem, parece que os paranaenses podem dizer que foi dado um importante passo no longo caminho da luta contra a violência no estado. Não será de uma hora para outra que os índices de criminalidade vão estar em níveis satisfatórios. Mas a população deve sentir logo algumas diferenças em seu cotidiano, pois somente a presença policial em locais violentos traz a sensação de segurança para diversos bairros. Até o fim do ano mais dez unidades como a do Uberaba devem ser instaladas em Curitiba e depois estendidas para o restante do estado. O comprometimento das prefeituras, com a contrapartida em ações sociais, será fundamental, assim como a mobilização da sociedade.

Assim, esperasse que tenha se iniciado retomada da segurança pública no estado. Paralisada nos últimos 15 anos, dá a reviravolta com a contratação de 3 mil policiais – a promessa é de ingresso de 10 mil novos policiais até o final desta gestão –, compra de novas viaturas equipadas com tecnologia e as operações que darão início à instalação das UPSs.

É o que a população paranaense esperava havia muito tempo. Ter policiais por perto, que entendem a situação da comunidade, um serviço de denúncia e chamada de ocorrência eficiente, viaturas em bom funcionamento e equipadas com tecnologia é o desejo de todos os paranaenses. São ações efetivas que representam para a população uma perspectiva de renovação do quadro dramático da segurança pública.

É natural que as UPSs paranaenses sejam comparadas às UPPs fluminenses. A diferença está no foco para as parcerias com ONGs, igrejas, clubes de serviço, conselhos de segurança, que juntos devem discutir os caminhos, as soluções. É também natural que se esperem mudanças rápidas após a implantação de medidas efetivas de segurança pública. A história e o bom senso, porém, indicam que os resultados nessa área não são tão rápidos.

Parceria da sociedade, perserverança e sensibilidade do governo. Essa é a combinação que fará do Paraná um lugar mais seguro.

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