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O presidente da França, Nicolas Sarkozy, afirmou diante de deputados e senadores, na segunda-feira, que o uso da burca não é bem-vindo em território francês e que o Parlamento vai discutir a proibição do uso do traje em lugares públicos do país. Sarkozy fundamentou sua afirmação numa preocupação legítima: a de que as mulheres estejam sendo obrigadas a usar a burca. Mas, se é a garantia da liberdade que está em jogo, por que defender uma norma que, no outro extremo, retira das mulheres que queiram fazê-lo livremente a possibilidade de usar o traje? Esse tipo de restrição não é novidade na França. Em 2004, o governo adotou uma medida ainda mais abrangente ao proibir o uso de quaisquer símbolos religiosos em escolas públicas. Decisões desse gênero, que afetam a livre manifestação de pensamento e a liberdade religiosa, acabam tendo um resultado oposto ao desejado. Os governantes franceses querem muito reafirmar seu secularismo. Querem deixar claro que respeitam igualmente todas as confissões. Nisso agem bem. A confusão se dá quando o secularismo é colocado acima das liberdades individuais. Uma frase do próprio Sarkozy poderia ajudar o governo francês a dar-se conta do engano: ele encerrou as declarações sobre a burca com a afirmação de que, apesar de tudo, "a França não deve lutar uma batalha errada".

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