• Carregando...

A presidente Dilma Rousseff (e companheiros) realizou a sua primeira visita oficial a Cuba e não escapou de ser confrontada pelos jornalistas com um tema delicado aos que chegam à ilha de Fidel: o desrespeito aos direitos humanos. Esqui­­vando-se de criticar o regime dos irmãos Castro, Dilma acabou relativizando ao afirmar que, se é para falar de direitos humanos, é preciso também abordar as infrações cometidas ao redor do mundo, não poupando nem mesmo o Brasil. Mas a crítica mais contundente foi direcionada aos Estados Unidos, ao referir-se à prisão de Guantánamo, uma base naval norte-americana em território cubano onde encontram-se presos sem acusação formal, suspeitos de atos terroristas. Em resumo, a mandatária brasileira disse, em se tratando de direitos humanos, que "todos têm telhado de vidro".

Sem dúvida, para uma nação que se diz berço da democracia, Guantánamo é uma chaga na imagem dos EUA e o próprio Barack Obama, quando da campanha presidencial, assumiu o compromisso público de fechar definitivamente suas portas. Até aí tudo bem e a existência de Guantánamo tem mesmo de ser repudiada. Agora, ao usar esse argumento, a presidente brasileira acabou misturando alho com bugalhos ao querer comparar sociedades abertas, como a dos Estados Unidos e a brasileira, ao regime ditatorial fechado que predomina na ilha há décadas. As execuções sumárias no paredón, as prisões em massa de dissidentes e as restrições à saída de cidadãos mostram bem a verdadeira face do "paraíso" caribenho.

O equívoco cometido por Dilma mostra a dificuldade que a cartilha ideológica petista tem quando a questão se refere à violação dos direitos humanos em Cuba, ocorrendo, via de regra, saídas pela tangente como ocorreu com Dilma. Anteriormente, o ex-presidente Lula foi protagonista de um episódio lamentável, ao querer comparar os presos políticos cubanos a bandidos comuns. Defendendo respeito às decisões da Justiça cubana em relação aos dissidentes que estavam em greve de fome, Lula criticou o protesto com um cândido argumento: de como ficaria se, por exemplo, todos os condenados em São Paulo entrassem em greve de fome para obter a liberdade. Em resumo, confundiu cubanos perseguidos ou presos unicamente por defenderem suas ideias com marginais comuns que matam ou assaltam.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]