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Passados seis dias do fim da Copa do Mundo da África do Sul, as atenções se voltam para os desafios que o Brasil terá de enfrentar, para que erros do passado não voltem a ser cometidos na preparação da Copa de 2014. Obras de infraestrutura de aeroportos e de transportes, assim como a construção de estádios, estão atrasadas. Órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União (TCU), vêm alertando sobre o risco de superfaturamento dessas obras. Num ambiente desses, é de se ponderar se o saldo da Copa no Brasil será positivo ou se será apenas mais uma ilusão nacional que resultará em gastos desmedidos num momento de euforia.

Em Curitiba, uma das possíveis cidades-sede da Copa, a poucos dias do prazo dado pela Fifa, ainda não há garantias financeiras para a reforma da Arena da Bai­­xada, um dos requisitos para que a capital paranaense receba jogos do evento. A saída para o problema vem sendo buscada no setor público, com uma movimentação política que vai se intensificando, cujo objetivo é usar recursos da Copel, da ordem de pelo menos R$ 40 milhões, para financiar a reforma – medida que parece ser no mínimo questionável. Além disso, todo o procedimento para a reforma do estádio carece de transparência.

Essas dificuldades em planejar e executar as obras para a Copa de 2014 sem que atrasem esbarra em um outro problema. Há também o fundado receio de que os prejuízos na organização de eventos esportivos – como ocorreu nos Jogos Pan-Americanos, realizados no Rio de Janeiro em 2007 – voltem a se repetir. Auditoria do Tribunal de Contas da União finalizada em abril e aprovada há 15 dias indica que as obras não só estão muito atrasadas como existe, de fato, o risco de a falta de planejamento levar a mais uma experiência desastrosa, como ocorreu com o Pan, em que obras inicialmente orçadas em R$ 520 milhões se transformaram num rombo de R$ 4 bilhões pagos pelos cofres públicos. Que algo dessa natureza se repita, decididamente precisa ser evitado.

Segundo a auditoria feita pelo TCU, obras de infraestrutura para a Copa estão tão atrasadas que até abril deste ano nenhuma daquelas que constam no item "mobilidade urbana" haviam sido contratadas. No entendimento do órgão, há também o risco de que as obras venham a ser executadas com base em projetos vagos que abrem a oportunidade de superfaturamento dos contratos, algo que, evidentemente, não pode ser admitido pela sociedade.

Diante desse cenário, os alertas que vêm sendo dados pelo TCU nos últimos meses vão se tornando cada vez mais claros. Há possibilidade real de superfaturamento. Há problemas de falta de planejamento. Há obras atrasadas. O que em princípio poderia ser uma oportunidade para modernização e promoção internacional do país vai se tornando um problema com o qual devemos realmente nos preocupar. E essa preocupação passa não por "afrouxar" os mecanismos de controle, como bem poderia ser sugerido por autoridades públicas, a fim de se realizar as obras necessárias. A organização da Copa do Mundo no Brasil não pode se tornar um custo por demais oneroso a ser arcado pela sociedade. E para que não tenhamos uma surpresa desagradável ao final do evento, é preciso que todo o processo seja absolutamente transparente, assim como é preciso que o planejamento e a execução dos empreendimentos sejam eficientes.

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